• Toshio Shimada

    O Japão legalizou o trabalho dos tatuadores?

    Não é possível que, nos dias atuais, aquela tatuagem de bichinho no seu calcanhar seja mal vista em algum lugar, como um sinal de que você tem algum tipo de ligação com gangues ou com o crime organizado, certo? Errado. No Japão ainda existe um grande estigma social em relação à arte da tatuagem.

    Os japoneses possuem muitas etiquetas sociais e são conhecidos pela hospitalidade e educação. Porém, quando o assunto é tatuagem no Japão as coisas podem ser diferentes. A arte de tatuar no país ainda é proibida, pois sempre foi ligada a máfia japonesa e por isso é criminalizada e proibida em onsens, piscinas e alguns locais públicos.

    Qualquer marca de tinta aparente no corpo é considerado um grande constrangimento no Japão, seja turista ou japonês. Portanto, quem tem uma tatuagem que seja aparente nos braços, por exemplo, deve sempre cobri-las com roupas longas para demonstrar respeito aos outros que ainda são preconceituosos à prática. E, por lei, lojas e comércios podem se recusar a atender pessoas tatuadas por causa das convenções sociais.

    Algumas casas de banho colocaram horários especiais em que a arte era permitida, outros distribuíram curativos para cobrir as do tipo pequenas, entre outras medidas.

    A polêmica toda gira em torno do estigma que tatuagens têm para o povo japonês. É uma história tão complexa quanto antiga. O preconceito da sociedade remonta ao período Edo quando criminosos eram marcados com tinta na pele, onde havia uma marca para cada delito específico.

    Quando a Yakuza (famosa máfia japonesa) surgiu no país durante o período Edo, os membros da organização utilizavam a arte para se identificarem e destacarem em meio a sociedade e outras organizações criminosas. Em vez de proibir explicitamente a Yakuza, seria mais fácil rejeitar qualquer pessoa com tatuagens.

    O Japão é um dos países que mais atraem turistas no mundo atualmente e a presença de estrangeiros no país ajuda a melhorar a visão da sociedade japonesa em relação as tatuagens. No entanto, a mudança é lenta e a legalização é algo que não deve acontecer tão rápido por lá, devido à pressão social negativa e as diversas leis que existem.

    Recentemente, uma dessas leis foi abolida, onde agora é permitido tatuar sem ter necessariamente uma licença médica. Entretanto, ainda é preciso abolir as leis que proíbem pessoas tatuadas de trabalhar e serem atendidas dignamente em estabelecimentos. E também, é claro, naturalizar a arte na sociedade, pois a discriminação da tatuagem é antiga e algo quase que cultural no Japão. De certa forma, as pessoas que têm ou que gostam de tatuagem, devem ter também um certo respeito com esse costume do pais.

    No Japão existem muitos banhos públicos, um costume já muito antigo. Caso uma pessoa tatuada entrasse em um banheiro público, as pessoas ao seu redor sentiam medo devido a ligação das tatuagem com grupos criminosos. Por isso os locais públicos tem muitas restrições à entrada de quem tem tatuagem.

    A rejeição vem principalmente dos locais públicos que colocam “KEEP OUT TATTOO”, como:
    ・ Onsen (fonte termal)
    ・ Sento (banho público)
    ・ Praia
    ・ Piscina
    ・ Ginásio esportivo
    ・ Tokyo Disney Resort

    Até mesmo alguns hotéis em sua hospedagem pode ser negada pelo fator de ter uma tatuagem, o mesmo vale para restaurantes e algumas lojas.

    Mesmo nos dias de hoje os locais públicos decidiram não aceitar quem tem tatuagem, mesmo que seja pequena ou escondida. Porque é difícil para eles distinguir se a pessoa que tem tatuagem faz parte da Yakuza ou não.

    Mas por que existe essa grande rejeição pela tatuagem na sociedade japonesa?

    No passado, os criminosos eram tatuados como com caracteres na testa no período Edo (1603 ~ 1868). Irezumi (tipo de tatuagem no Japão) era uma das penalidades. 

    Em 1872, essa pena foi abolida, mas a tatuagem passou a ser ilegal até 1948. Por causa de sua formação histórica, as pessoas no Japão têm uma imagem negativa sobre estes e outros motivos sobre a tatuagem.

    Depois de 1872, embora a tatuagem fosse proibida, Yakuza (membros de sindicatos do crime organizado transnacional) ou Boryokudan (grupos violentos) se tatuavam para demonstrar lealdade ao seu grupo e demostrarem seus atos de bravuras. Em decorrência disso, a tatuagem se estabeleceu como um símbolo de Yakuza ou Boryokudan. Durante muito tempo, o Japão era uma ditadura militar governada por uma elite samurai corrupta que havia barricado o país do mundo exterior e imposto uma hierarquia social estrita à população.

  • Toshio Shimada

    Tatuagens Kitsune: origens, tipos e significados

    Tatuagem Kitsune Japonesa

    Uma das muitas criaturas míticas populares das lendas Japonesas, a Kitsune, lendária raposa de nove caudas, é um ícone de tatuagem muito querido. Seja com uma única cauda ou nove, a Kitsune é frequentemente envolta em um ar de mistério. Este espírito-raposa místico aparece como yōkai (um termo genérico para criaturas sobrenaturais e demônios) na tradição japonesa, e também como um ser celestial adorado em santuários xintoístas.

    Então espere – o espírito da raposa é realmente bom ou ruim? Vamos explorar a história e alguns tipos de Kitsune que você pode incorporar em sua tatuagem de raposa.

    A LENDA DE KITSUNE, A RAPOSA DE NOVE CAUDAS DO JAPÃO

    A simbologia da Kitsune é muito popular na mitologia japonesa, é considerada uma raposa mágica do mundo Yōkai (criaturas sobrenaturais). Kitsune são classificadas como criaturas da classe “Momonoke” (espíritos animais que se transformam em humanos, como os Bakeneko, Tengu e Tanuki).

    A imagem da Kitsune representa ardileza e inteligência e, de acordo com as lendas, são animais com poderes místicos, sagrados ou até amaldiçoados. Devido a seu poder e influência, as lendárias raposas recebem oferendas como se fossem divindades nos templos.

    Descritas como seres de extrema inteligência, são possuidores de habilidades mágicas que aumentam com a sua idade e sabedoria. As kitsune recebem uma nova cauda ao fim de cada século, sua coloração muda para prateada ou dourada tornando-se mais poderosas. Quando atingem as nove caudas são referidas como Kyuubi no Kitsune, e tornam-se semideuses. Passam a possuir sabedoria infinita e a capacidade de ouvir qualquer coisa e, dependendo do tipo de Kitsune, podem ouvir os pensamentos de humanos em qualquer canto do mundo, atingindo a onisciência e quase a onipotência. Sendo assim, quanto mais cauda tiver, mais poderosa será a “Kyuubi no Kitsune”.

    As Kitsune são consideradas espíritos mensageiros, associados à Inari, “deusa do arroz, da agricultura, prosperidade, fertilidade e exito”, geralmente representada como uma figura feminina, no entanto, algumas histórias retratam-na como uma figura masculina. Inari é uma divindade muito popular com uma infinidade de esculturas espalhadas por todo território nipônico, sendo seu santuário um dos mais famosos do Japão.

    Muito dos mitos nipônicos sobre raposas podem ser vistos no folclore da China, Coreia ou Índia. Várias dessas histórias foram gravadas no Konjaku Monogatari, uma coleção do século XI de narrativas Chinesas, Indianas e Japonesas.

    Lendas sobre as Kitsune, quase sempre englobam sabedoria, assim como apregoa o famoso ditado “Esperto como uma raposa”, elas simbolizam a inteligência e sagacidade. Porém, kitsune tem que manter as suas promessas e, principalmente, seguir a sua palavra de honra. Elas tornam-se autodestrutivas se quebrar sua palavra. Como também, quando alguém lhes quebra uma promessa, tornam-se seus inimigos mortais, pois é sabido que Kitsune são de fato muito emocionais, mas também muito vingativas.

    As Kitsune geralmente são poderosas e por isso tendem a agir com arrogância sempre que entram em contato com seres humanos. A maioria é dotada de poderes incríveis, incluindo: possessão, habilidade de cuspir fogo, aparecer em sonhos, criar ilusões, dobrar o tempo e espaço, enlouquecer e até mesmo matar.

    Outras características sobrenaturais normalmente atribuídas à kitsune incluem: caudas que geram fogo ou relâmpago (conhecido como kitsune-bi, literalmente, a cauda da raposa). Algumas dessas criaturas tem características que lembram vampiros ou súcubos, e se alimentam da vida ou o espírito dos seres humanos geralmente através do contato sexual. Sendo que as kitsune podem mudar sua forma de raposa para a forma humana.

    Os diferentes tipos de kitsune têm também diferentes habilidades. Por exemplo, a Nogitsune, conhecida como “kitsune obscura” alimenta-se da vida ou o espírito dos humanos. Também são capazes de manipular o tempo e o espaço e interferir com os sonhos das pessoas,  por outro lado, a “kitsune trovão” consegue absorver e descarregar energia trazendo sempre uma aura de fogo com ela, que é invisível aos nossos olhos.

    Idéias de design para tatuagens Kitsune e seu significado

    A maioria das tatuagens de raposas japonesas vem com outros símbolos que os acompanham, um comum visto seria uma caveira usada sobre a cabeça do kitsune. Outros vêem um kitsune vestido como uma gueixa, mas o que eles realmente significam?

    • Crânio (em torno do kitsune): Associado à morte e ao submundo, o crânio representa a mudança – de forma poética e figurativa – quando uma parte de nós morre para que o novo venha à tona. Muito parecido com um renascimento. Também está intimamente ligado ao sobrenatural e inexplicável.
    • Crânio (embaixo do kitsune): Quando o kitsune está em cima de um crânio (também pode ser mostrado com uma pata sobre ele), ele assume uma postura dominante. A esse respeito, pode-se inferir que a morte e o desconhecido não devem ser temidos.
    • Crânio (na cabeça do kitsune): Quando um kitsune atinge 100 anos de idade, ele desenvolve a habilidade de se transformar em forma humana. Porém, para fazer isso, o kitsune exigirá uma caveira ou uma folha no topo de sua cabeça para que a transformação ocorra. Ter um crânio colocado na cabeça do kitsune também significaria que sua raposa tem pelo menos um século de sabedoria.
    • Máscara Kitsune: Como a máscara Hannya, as máscaras kitsune têm suas raízes nas artes cênicas japonesas tradicionais. Os atores usavam máscaras kitsune principalmente quando se apresentavam em Kyōgen (um intervalo cômico entre os atos Noh). Essa tatuagem pode sugerir uma pessoa cheia de caprichos, um pouco misteriosa e muito brincalhona.
    • Kitsunebi: Literalmente, “fox-fire”. Eles são chamas flutuantes misteriosas produzidas pela respiração de um kitsune ou pelo movimento de sua cauda. Eles podem tirar os humanos do perigo ou atraí-los para a destruição. O Kitsunebi também pode ser visto quando grupos de kitsune estão juntos, a exemplo da celebração do Casamento da Raposa ou da Noite de Ano Novo.
    • Gueixa: Assim como a gueixa misteriosa e sedutora, o kitsune (especialmente aqueles com nove caudas) são criaturas sábias e de complexidade sobrenatural. Uma tatuagem kitsune e de gueixa (ou um kitsune como gueixa) representa uma mulher sagaz, que tem um ar de sigilo. Em um homem, essa combinação pode representar sua preferência por mulheres atraentes com porte.
    • Bela dama: Assim como na história de Tamamo no Mae, a característica subjacente que a kyūbi no yōko tinha em suas várias manifestações era sua beleza profunda. Fundir uma bela mulher com rabos de raposa ou kitsune, significaria que devemos estar atentos com sua grande beleza, que sozinha pode arruinar um reino inteiro. Ela é, como tal, uma ferramenta poderosa em si mesma. Nas mulheres, essa imagem pode significar o desejo de ter beleza e intelecto para utilizá-la. Nos homens, pode representar uma mentalidade de “brincar com o fogo” ou um lembrete consciente disso.
    • Tanuki: Tanuki são cães guaxinim japoneses que também são criaturas mágicas no reino yokai. Diz-se que Tanuki e kitsune têm um inimigo comum, o cachorro. No entanto, os tanuki são normalmente descritos como tendo impasses mágicos com a kitsune, ao invés de alianças amigáveis.
    • Namakubi (cabeças decepadas): Namakubi tem suas raízes no Japão Imperial, onde as cabeças dos guerreiros inimigos caídos são coletadas e apresentadas aos líderes vitoriosos. Algumas tatuagens representam espíritos de raposa com cabeças decepadas firmemente presas em suas mandíbulas. Isso pode significar que o kitsune atua como um talismã ao livrar um dos “inimigos” em sua vida.

    Dica de viagem

    Toyokawa Inari Betsuin (Akasaka, Tóquio)

    Quando você visitar Tokyo não deixe fora do seu roteiro O Templo Toyokawa Inari no distrito de Akasaka. O templo budista da seita Soto, que consagrou Toyokawa Dakini-shinten, é um templo que venera uma divindade xintoísta, o deus raposa ou Inari . Orar neste templo pode trazer felicidade e bem-estar para você e sua família, bem como prosperidade nos negócios e melhor fortuna. Toyokawa Inari oferece instalações que podem ser usadas para adorar, orar e rejuvenescer sua mente.

    História de Toyokawa Inari Akasaka

    Diz-se que o terceiro filho do imperador Juntoku, do século XIII, teve uma visão de inspiração religiosa do deus Dakini-Shinten cavalgando uma raposa branca. Toyokawa Inari, como um templo budista estava sob ameaça de obliteração por meio de conversão forçada em um santuário xintoísta no início da era Meiji da história japonesa, quando o estado promoveu o xintoísmo “nativo” às custas do budismo “importado” como parte do novo impulso nacionalista e modernizador do governo para definir o que era “japonês”.

    O templo conseguiu manter sua identidade budista afirmando (para fins de sobrevivência em fase da perseguição) que o verdadeiro objeto de adoração no templo era o impecável budista Dakini-Shinten e não a raposa xintoísta em que ele montou. A raposa sendo, afirmava, um “sujeito” de Dakini-Shinten e um símbolo de sua revelação ao príncipe. (Veja The Fox and the Jewel de Karen A. Smyers para um estudo deste fascinante quebra-cabeça histórico).

    Toyokawa Inari Akasaka foi estabelecido em seu local atual em Moto-Akasaka em 1828, e, significativamente, a estátua de Dakini-Shinten foi consagrada lá em 1887, no auge da perseguição do governo Meiji ao budismo, a fim de reafirmar o budismo do templo credencial.

    Templo Toyokawa Inari

    Perto de Akasaka-mitsuke, a apenas algumas centenas de metros abaixo da Avenida Aoyama-dori, era um conhecido distrito da luz vermelha da época de Edo, e pode muito bem ser por isso que Toyokawa Inari é agora o templo visitado por aqueles japoneses na indústria de música e entretenimento. Isso é mais óbvio na véspera de Ano Novo, 31 de dezembro, quando cantores, atores, personalidades da TV, artistas, designers, escritores – qualquer um nas artes criativas – oram aos Benzaiten (ou Benten) consagrados aqui por boa sorte no ano que está por vir .

    Acesso ao Templo Toyokawa Inari

    • Endereço: 1-4-7 Moto-Akasaka, Minato-ku Tokyo 107-0051
    • Telefone: + 81-3-3408-3414 // 3415

    Para mais informações, acesse o site do templo http://www.toyokawainari-tokyo.jp/ .

  • Toshio Shimada

    Kurikara Ken, a espada (倶利迦羅) símbolo do deus Fudō Myō-ō (不 動 明王).

    Kurikara Ken, a espada, 倶利迦羅, é o símbolo do deus Fudō Myō-ō e ela é a espada da sabedoria que derrota os três venenos que causam o sofrimento. Os três venenos (sânscrito: triviṣa) no budismo, refere-se aos três kleshas; raiz de ignorância, apego e aversão.  Venenos os quais são considerados a causa do sofrimento.

    A divindade Fudō Myō-ō é retratado segurando uma espada de dois gumes com um punho de três pontas na mão direita e uma corda enrolada na mão esquerda. Com esta espada da sabedoria, Fudō Myō-ō corta mentes iludidas e ignorantes e, com a corda ele amarra aqueles que são governados por suas paixões e emoções violentas.

    Kurikara Ken (倶利伽羅剣), na mitologia japonesa, pode ser representada também com um dragão enrolado a seu redor. A mitologia está associada com a transformação de Fudō Myō-ō em uma espada de fogo durante uma luta lendária. Diz a lenda que ele teve que lutar contra o deus símbolo de uma religião diferente, e ao se transformar em uma espada flamejante, seu oponente fez o mesmo e a batalha continuou sem vencedor. Desta forma, Fudō Myō-ō se transformou no Dragão Kurikara, envolvendo-se ao redor da espada adversária e a devorando desde sua ponta. Este episódio deu origem à representação iconográfica como a conhecemos agora.

    O dragão que costumava ser um símbolo da divindade passou a ser homenageado após a luta de Fudō Myō-ō, especialmente durante o período Edo, quando a espada era um símbolo da lealdade. Assim, passou-se a produzir estátuas e espadas de Kurikara Fudō (nome pelo qual ficou conhecido) em maior número.

    A espada Fudō zela por um bebedouro em uma passagem de montanha perto de Hachioji, Tóquio. Mas nessa região havia a presença de muitas cobras venenosas e algumas pessoas morreram com suas picadas. 

    Dica de Viagem: Templo Kurikara Fudoji 倶 利伽羅 不 動 山 (桜)

    Templo rural no topo da montanha cercado por cerejeiras

    Kurikara Fudoji é um templo budista inaugurado em 812. O templo era historicamente uma parada importante para peregrinos religiosos.

    Seus terrenos são inundados com as flores rosas de mais de 6.000 cerejeiras a cada primavera. A temporada de pico usual do templo, do final de abril ao início de maio, é um pouco mais tarde do que outros pontos de floração de cerejeira em Ishikawa.

    Os terrenos do templo ficam no topo de uma montanha na cidade rural de Tsubata, por isso é recomendável que os visitantes venham de carro ou táxi.

    Informação básica

    Templo Kurikara Fudoji

    • Endereço: Ri-2 Kurikara, Tsubatamachi, distrito de Kahoku
    • Horas: 9:00 às 16:00

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  • Toshio Shimada

    Tatuagem de sakura no Japão

    Umas das flores mais tradicionais na tatuagem japonesa são as Sakuras, elas são quase um ícone da tatuagem. Muitas pessoas no Japão tatuam as sakuras devido toda a simbologia e significados que envolve estas belas flores.

    A beleza da morte e da renovação na natureza são representadas como essas tatuagens japonesas (Irezumi) em uma grande escala as tatuagens são cobertas de sakura, as lindas flores da primavera japonesa. É incrível que uma pequena flor rosa aparentemente insignificante possa representar algo tão significativo quanto o ciclo de vida e morte.

    No Japão, o significado e o simbolismo da tatuagem de flor de cerejeira pode se misturar, afinal, muitos japoneses são budistas, portanto, alguns dos significados das tatuagens se sobrepõem ao budismo e à cultura japonesa.

    Existem também alguns aspectos que diferem tatuagens de sakura para homens e mulheres. Embora cada pessoa seja única, os dois sexos costumam ter certos estilos de tatuagens em flores de cerejeira. Freqüentemente, as mulheres entrelaçam suas tatuagens de flores de cerejeira com borboletas, a árvore Sakura, corações ou estrelas. Enquanto isso, os homens podem personalizar suas tatuagens com fogo, caveiras ou gueixas. Homens e mulheres costumam personalizar suas tatuagens com símbolos como peixes koi ou citações importantes. Cada pessoa é diferente, e uma tatuagem de flor de cerejeira pode ser usada para mostrar suas crenças pessoais ou personalidade única.

    O local da tatuagem de sakura também difere, as flores de cerejeira simples podem ser extremamente pequenas e caber em qualquer parte do corpo. Para flores de cerejeira maiores ou uma árvore Sakura inteira, apenas alguns pontos são grandes o suficiente.

    As flores de cerejeira podem simbolizar como a vida é transitória e como as coisas bonitas acabam morrendo. O vínculo com a mortalidade é extremamente simbólico e mostra a fragilidade da vida. Da mesma forma, essas tatuagens podem simbolizar a beleza passageira da existência. Na antiga arte da xilogravura, os japoneses costumam usar flores de cerejeira. Sua tatuagem pode simbolizar um amor perdido ou a beleza temporária da vida.

    Curiosamente, a flor de cerejeira é considerada a flor nacional do Japão e é conhecida como “Sakura” em japonês. Uma vez que esta flor é freqüentemente usada como um símbolo cerimonial, ela também pode ser usada para decorar escritórios e casas. Algumas culturas japonesas, como os samurais, usam as flores de cerejeira para representar gotas de sangue. Eles também podem simbolizar a primavera, simplicidade e inocência.

    Mais de três mil pés foram levados para os Estados Unidos e podem ser vistos nos jardins da Casa Branca. A cerejeira virou um grande símbolo de fraternidade.

    A Lenda das Flores de Sakura

    Segundo a lenda que conta sua história, uma bela princesa desceu dos céus e aterrissou em uma árvore de cerejeira. Acredita-se então que o nome sakura, na verdade, é derivado do nome da princesa Konohana Sakuya Hime, que significa “a princesa das árvores das flores abertas”. Outros já dizem que o nome da planta tem sua origem no cultivo de arroz e sua divindade (Sa). A segunda parte do nome, ‘kura’ , faria referência à sua morada.

    As tatuagens de flores de cerejeira são uma escolha bastante popular. Enquanto algumas culturas as vêem como um sinal de primavera e juventude, outras culturas acreditam que eles representam o quão frágil a vida pode ser. Na cultura japonesa, essas tatuagens simbolizam a beleza.

    Flor de cerejeira

    O simbolismo de todas as flores de cerejeira pode significar “pureza”, “mulher elegante”, “beleza espiritual”.

    Tipos de sakuras e seus respectivos significados:

    • Yoshino Some: Inocência, nobreza, beleza;
    • Yaezakura: Gentileza, beleza mental, plenitude, graça;
    • Yamazakura (Yamazakura): “aquilo/aquele que sorri para você”, adorabilidade;
    • Kanzakura: Família, união;
    • Fuyuzakura: Calma, serenidade;

    Origem das flores de cerejeira

    Diz-se que a origem da linguagem das flores é uma anedota (ficção) do presidente dos Estados Unidos, George Washington, e da cerejeira.
    “Quando eu era menino, queria um machado, que pedi emprestado a um ferreiro, então cortei as flores de cerejeira que meu pai apreciava.” Então, seu pai lhe perguntou: “Você sabe quem cortou as lindas flores de cerejeira no jardim?”, George confessou honestamente, dizendo “Eu fiz isso”. “A verdade é mais valiosa do que uma cerejeira”.

    A partir dessa história, parece que a linguagem das flores, como a “beleza espiritual”, que pode ser declarada honestamente, está anexada.

    Hanami, o festival do Sakura

    Apreciadores de flores de cerejeiras ao redor do mundo é o que não falta. Eles se reúnem em grupos e passam horas observando as belas paisagens que a primavera nos traz. A prática ganhou até nome: Hanami; visualização das flores de sakura.

    O hábito já tem mais de dez séculos e exige a dedicação dos participantes, afinal, em cada região, o espetáculo só dura duas semanas. Para chegar no local e dia exatos, eles contam com a ajuda da Agência Meteorológica Japonesa, que informa até em boletins televisivos o momento do florescimento.

    A prática é acompanhada de pique-nique e até mesmo saquê. Os mais desinibidos até cantam e dançam para celebrar a ocasião. Hoje, países como o Brasil e Estados Unidos também realizam o Hanami graças à iniciativa japonesa de distribuir mudas da árvore para diversas nações como prova de amizade no início do século XX.

    Flores de cerejeira no Budismo

    As flores de cerejeira florescem apenas por um curto período de tempo antes de desaparecer. Por isso, são um lembrete para viver o momento presente. Uma vez que este é um tema principal da filosofia budista, as tatuagens de flores de cerejeira são frequentemente utilizadas pelos budistas. Nesta religião, eles também podem simbolizar um maior conhecimento de si mesmo, trabalhando em direção à iluminação e sabedoria.

    Dica de Viagem

    Templos Kamakura 鎌倉

    Kamakura na prefeitura de Kanagawa , sudoeste de Tóquio, foi o centro do poder político no Japão nos séculos 12 e 13, conhecido como o período Kamakura da história japonesa .

    Como as antigas capitais de Nara e Kyoto , a cidade de Kamakura possui uma rica herança de templos e santuários históricos.

    Vários dos principais templos de Kamakura pertencem à seita Zen do budismo japonês , refletindo o ethos guerreiro do samurai governante do período Kamakura . O Zen se tornou a religião predominante da casta guerreira, especialmente após a derrota dos invasores mongóis em 1274 e 1281.

    Templo Hasedera 長 谷 観 音

    O Templo de Hasedera é famoso por ter uma das maiores estátuas de madeira do Japão, a de Kannon, a Deusa da Misericórdia . Hoje, Hasedera pertence à seita Jodo do budismo japonês, após sua fundação inicial como um templo da seita Tendai. Segundo a lenda, o Templo de Hasedera foi fundado em 736. Isso ocorreu, segundo a história, depois que o monge Tokudo Shonin encontrou uma enorme árvore de cânfora nas florestas de Nara em 721.

    3 Chome-11-2 Hase, Kamakura, Kanagawa 248-0016, Japan

    Para mais informações, acesse o site do templo: https://www.hasedera.jp/en/