Toshio Shimada

KIYOHIME UMA HISTÓRIA DE AMOR NÃO CORRESPONDIDO. TATUAGEM JAPONESA

Neste post, vou apresentar uma lenda antiga do Japão que narra a história de Kiyohime, um conto de amor não correspondido que acabou se tornando um pesadelo. A história é bastante fascinante e talvez você já tenha se deparado com representações artísticas de Kiyohime em tatuagens japonesas. Ela é frequentemente retratada como uma figura metade cobra, muitas vezes com uma aparência demoníaca semelhante às máscaras de Hannya. Embora não seja tão conhecida no Brasil, essa figura se tornou bastante popular entre os amantes de tatuagens japonesas na Europa e nos Estados Unidos. Além disso, existem várias versões dessa lenda em todo o mundo.

Uma versão de Kiyohime feita pelo tatuador Sueco Johan Svahn

Kiyohime ( 清 姫 ) (ou apenas Kiyo ) vem do folclore japonês e é um personagem lendário da historia chamada de Anchin e Kiyohime. A história se passa no templo Kishu Dojoji . Kiyohime, uma mulher traída pelos próprios sentimentos de amor pelo monge Achin, se transformou em uma cobra por causa da fúria e raiva que queimou Achin dentro do sinos no templo Dojoji.

Ilustração feita pelo pintor Kuniyoshi no ano (1855)

A raiva de Kiyohime

A Lenda de Anchin e Kiyohime é uma história de amor não correspondido em que Kiyohime, uma donzela, se apaixona por Anchin, um monge budista que era irmão do imperador Suzyaku. Quando ela confessa seu amor por Anchin, ele tenta fugir de seus sentimentos, ignorando todas as suas abordagens.

Quando Kiyohime descobre que Anchin a enganou, ela fica extremamente furiosa e o persegue, correndo descalça atrás dele. Anchin pede ajuda ao sacerdote de um santuário chamado Kumano, mas em vez de ajudá-lo a enfrentar Kiyohime, o sacerdote amarra e prende Kiyohime em uma armadilha chamada kana-shibari.

Enfurecida, a raiva de Kiyohime chega às alturas, permitindo que Anchin escape. Para fugir do amor não correspondido, Anchin se refugia no templo budista Dōjōji, localizado na província de Wakayama, no sul do Japão. Entretanto, a raiva de Kiyohime a transforma em um terrível monstro vingativo, com o corpo metade mulher e metade serpente, que passa a perseguir Anchin incansavelmente.

O começo e o fim

Existem várias versões da lendária história de Anchin e Kiyohime. Em uma delas, um jovem monge chamado Anchin se hospeda na casa de uma linda mulher solitária chamada Kiyohime, que se apaixona à primeira vista por ele. Após perceber seus sentimentos, Anchin se sente forçado a abandonar sua peregrinação e se entregar a esse amor. Ele tenta enganá-la prometendo que deixará sua peregrinação para viver esse amor, mas Kiyohime acaba descobrindo sua traição e o persegue até o Templo Dojoji. Enfurecida, Kiyohime se transforma em um monstro metade mulher e metade cobra. No Templo Dojoji, Anchin se esconde em um sino enorme e pesado, que é baixado pelos monges para escondê-lo. Quando Kiyohime chega ao templo, ela encontra o sino e se enrola nele, lançando chamas de sua boca como um dragão serpente, causando um grande incêndio e matando Anchin. Os monges de Dojoji realizam o funeral de Anchin e encomendam a fundição de um novo sino, determinando que nenhuma mulher poderá se aproximar novamente da plataforma do sino. A história de Anchin e Kiyohime é uma lenda japonesa clássica que retrata a natureza implacável do amor não correspondido e a fúria que pode surgir quando esse amor é traído.

O sino

Existem muitas versões da história de Anchin e Kiyohime, mas poucas variações são mencionadas quando se trata do sino que estava no Templo Dojoji, onde o monge Anchin foi queimado. Isso se deve aos fatos históricos e ao fato de que o templo que abrigava o sino ainda existe.

Após a tragédia, um novo sino foi trazido para o Templo Dōjōji e restaurado na primavera do ano Shohei de 1359. Uma grande festa foi organizada para a instalação do sino, com a participação da comunidade local. No entanto, durante a cerimônia de entronização, que marca a ascensão de um novo monarca ao trono, as mulheres foram proibidas de participar.

Durante a cerimônia, uma bela jovem vestida finamente se aproximou do sino e o tocou. Para espanto de todos, ela desapareceu sem deixar vestígios, como se tivesse sido engolida pelo sino. Conta-se que a aparição era o espírito de Kiyohime, que havia se transformado em uma cobra e arrastado o sino para dentro de si.

Os monges do templo oraram intensamente para apaziguar o espírito vingativo de Kiyohime. Finalmente, o sino foi encontrado na torre do templo. No entanto, sempre que era tocado, ele emitia um som terrível, como se fosse um lamento de Kiyohime.

Desastres e pragas ocorreram nas proximidades toda vez que o sino era tocado. Sua sonoridade se tornou insuportável e o sino foi abandonado nas montanhas. Há relatos de que ele foi levado para debaixo do templo e enterrado.

Cerca de 200 anos depois, durante a Era Tensho, Hideyoshi Toyotomi atacou Negoro-shū e encontrou o sino nas montanhas. Ele usou o som do sino para sinalizar a batalha e, após a vitória, ordenou que o sino fosse levado para o santuário Myomanji em Kyoto. Lá, dizem que o som da “Sutra de Lótus” incessantemente entoada pelos monges do templo finalmente trouxe descanso para as almas atormentadas de Kiyohime e Anchin.

Com o tempo, o som do sino adquiriu uma beleza irresistível, tingida com a sabedoria e a consciência do sofrimento necessário à mudança, que é um dos principais ensinamentos do budismo. O sino encontra-se atualmente no templo principal de Myomanji, chamado Kempon hokke. Segundo o livro de arte youkai de Toriyama Ishiwaku, “Konjaku Hyakunikisho”, intitulado “Dojoji”, o sino que costumava estar no Templo Dojoji foi colocado no Templo Myomanji Ishikawa Goemon.

Ainda hoje, o sino permanece em Myomanji, como um tesouro do templo, junto com as cinzas sagradas de Sakyamuni.

Reencarnação

Dizem que, muito tempo depois, Anchin e Kiyohime apareceram abraçados e felizes em sonhos dos monges do Templo Dodoji, eles finalmente encontraram seu destino nos caminhos da Sutra de Lótus.

Os dois, Anchin e Kyohime reencarnaram como cobras, apareceram na residência do Templo Dojoji e pediram uma cerimônia fúnebre. Devido ao mérito do Hokkei Sutra que Sumichi defende, os dois se tornaram budistas e aparecem no sonho de Sumichi na forma de pessoas celestiais. E podemos encontrar nas lendas que esses dois humanos foram a encarnações de Kumano Gongen e Kanzeon Bodhisattva respectivamente,  que estaremos falando especificamente de cada em outro post. Pois são seres celestiais e cada um tem também sua história, lenda em outra imagem e vida e fazem parte das histórias budistas ligadas ao Sutra Lótus.

Ilustração feita pelo pintor Kuniyoshi Utagawa Título:“Kiyohime Shiwai Iwai”

Influência no teatro japonês

A história do monge Anchin ( 安 珍 ) e de seu amante rejeitado Kiyohime ( 清 姫 ) que, devorada por sua paixão e ciúme, se transforma em uma serpente e o persegue até sua destruição, é o tema da peça Noh Dōjōji , conhecida pelos suas performance dramática;  assim como no Kabuki também existe a peça  Musume Dōjōji com uma peça representada por atores masculinos que desempenham papéis femininos no teatro Kabuki japonês. chamado de onnagata buyōMusume Dōjōji Originou-se de uma peça mais longa do século 15 chamada Kanemaki.

 
Kiyohime ( 清 姫 ) em uma versão do teatro Noh

Diferença na tradição 

O conteúdo da desta lenda de Anchin e Kiyohime, é baseado no folclore transmitido pela literatura antiga, mas são diferentes explicações dependo do contexto e apresentações.  Em vez de uma menina, uma jovem viúva ou solteira que aparece. Além disso, dois monges, um jovens e idosos, que estavam hospedados em uma pousada para viajantes e então Kiyohime acaba se apaixonando pelo jovem monge mas seu amor não e correspondido pelo jovem monge. A donzela furiosa com a rejeição tenta de qualquer maneira convencer o monge a se casar com ela. Os monges deixam a pousada e fogem para o templo e se escondem dentro do sino, mas são perseguidos pela jovem que incendeia e morre juntos com eles no templo e com sua morte acaba se transformando em um demônio metade mulher e metade serpente. Embora o fato de os monges serem queimados e mortos no Templo Dojoji em muitas versões da história fala da morte somente de um dos monge o mais jovem Anchin a jovem Kiyohime.

Outras pontos de versões da história

  • A mãe de Kiyohime era na verdade um espírito de cobra branca, a viúva teria este espirito apor a morte do pai de Kiyohime .
  • No início, Achin disse a um jovem Kiyohime que ela se casaria com ela no futuro, mas ele ficou com medo quando viu a serpente de Kiyohime e se arrepende e foge.
  • Kiyohime se desesperou ao ver que Achin havia escapado e entrou no rio Tomita, o sentimento da jovem a transformou uma cobra para seguir o jovem monge rio a dentro.
  • Há também uma história de que Kiyohime entra na água e se torna uma cobra e para salvar o jovem monge, portanto não mata Achin.
  • Uma versão mais rara e diferente é uma história de que Kiyohime era uma responsável de uma mineração, pelo fato de Anchin ter roubado Kiyohime ela ficou furiosa e seus mineiros perseguiram Anchin. (“Kiyohime diz” Tsuna Michiyo (de Nakaheji).

existe muitas versões desta lenda e em cada uma delas os personagens tem historias diferentes, mas o que nunca mudou foi o amor da bela jovem por alguém que não se entregou ao verdadeiro amor da Kiyohime

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My name is Toshio Shimada and I’m a tattoo artist. I was born in Brazil and I now live in Japan. My parents in of European and Japanese in origin. I started tattooing in Brazil with my father in 1985. In 1994 I opened my own studio in Japan. My style of tattoo is called Wabori (Japanese style) and also Tebori style that uses bamboo sticks bundled together forming many needles at the top. I use my own Tebori too for some events. My tattoo drawings of demons and dragons have many stories. As tattoo artists in Japan we work in groups. Due to the strong sense of community in the Japanese culture. also I work with another artist from different country . I worked in Gunma prefecture, north of Tokyo for several years and now Yuuji Motegi is working there. I have a studio in Tokyo Shibuya, where I do my work when I'm in Japan. I work mostly in traditional Japanese styles, sometimes the old school “sailors tattoo” style. I have worked in various places around the world. Some of these places include Rome, Lisbon, Valencia, Barcelona, Ibiza, Madrid, New York, Miami, Bangkok London and Leeds UK. Sometimes I work in Los Angeles doing private tattooing and working on new designs. I enjoy participating in various tattoo conventions all around the world. I am interested any opportnities which may come along. 島田俊夫  私は日本人とブラジル人のハーフです。 1985年から父の店にてプロの彫師としてのキャリアをスタートしました。 1994年に群馬県大泉町に、2001年に東京都渋谷区に店をオープンしました。 これまでにイタリア、スペイン、ロサンゼルス、ニュウーヨーク.......等さまざまな国を訪れいろんな国際タトゥーコンベンショんに  参加してきました。 現在は東京都渋谷区に籍を置き、和彫りを中心に活動を行っております。

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