Tatuagem Japonesa

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    Golden Week – Semana dourada

    O Japão é um dos países com mais feriados ao longo do ano, isso se deve principalmente pelo fato de não existirem férias remuneradas de 30 dias, como no Brasil e em outros países. Esses diversos feriados são espalhados ao longo do ano, mas determinadas datas acabam sendo próximas um das outras, originando 3 grandes feriados prolongados:

    • O feriado do ano novo, que engloba o Oshougatsu, data extremamente importante na cultua japonesa.
    • O feriado de verão, (Natsu Yasumi), onde as pessoas aproveitam para fazer mais passeios ao ar livre, visitar parques e praias, devido ao calor da época;
    • E a semana dourada – Golden Week: semana que engloba vários feriados nacionais e que tem início agora, entre final de abril e começo de maio.

    A Golden Week é composta por várias datas de suma importância no calendário japonês, são elas:

    • Dia 29 de abril –  dia de Showa, data na qual era o aniversário do Imperador Showa (que foi o 124° Imperador japonês e que teve o maior reinado de todos, sendo símbolo do crescimento do Japão como potência mundial);
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    Imperador Showa
    • Dia 3 de maioKenpo Kinenbi (憲法記念日) , dia da constituição japonesa, que entrou em vigor dia 3 de maio de 1947, substituindo o antigo regulamento da era Meiji. Nesta data as portas do Kokkai Gijido – Palácio do Parlamento Japonês são abertas ao público, e é costume da população refletir sobre as leis japonesas e a democracia em geral;
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    Kokkai Gijido
    • Dia 4 de maio –  Midori no Hi (みどりの日), é o dia do Verde, é uma data propícia para visitar um parque em família, realizar atividades relacionadas ao respeito à natureza. Vários voluntários se disponibilizam a plantar árvores, ministrar palestras e oficinas ligadas à prática da educação ambiental e sustentabilidade;

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    • Dia 5 de maio – Kodomo no Hi (こどもの日), é o dia da criança, data para celebrar a felicidade  das crianças, em especial dos meninos, faz parte da tradição colocar bandeiras em formato de carpas penduradas ao redor das residências, a carpa (Koi) tem uma grande importância dentro da cultura japonesa, sendo mencionada em várias lendas e relacionada com a boa sorte.
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    Koinobori

    Além dessas datas especiais, a Golden Week marca o fim do inverno, época do Hanami, período onde as tradicionais cerejeiras (Sakuras), tem o ápice de seu florescimento, proporcionando um período de beleza única e ideal para contemplação da natureza.

     

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    Hanami

    Texto por Rafael Lucente

     

     

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    Gueixas – as especialistas nas artes

    As gueixas (芸者) são mulheres japonesas que se dedicaram em estudar e se especializar nas diversas artes relacionadas ao Japão, como a música, poesia e a dança.

    Seu papel era extremamente importante na sociedade japonesa, atuando mais ativamente na parte do entretenimento de festas ou ocasiões especiais e NÃO estão relacionadas a serviços sexuais, como é o pensamento de muitas pessoas no Ocidente.

    Gueixa

    Para atingirem esse posto de “guardiãs” da vasta cultura Japonesa, as gueixas ou Geiko (芸子)  como também são conhecidas, passam por rigorosos treinamentos, que além de durarem muitos anos, custavam muito caro, ao passo que muitas vezes, a gueixa possuía um danna (uma espécie de patrocinador) que financiava os estudos da até então maiko, nome utilizado para as aprendizes de gueixa. Todo esse aperfeiçoamento era feito em lugares conhecidos por  oki-ya e se iniciava antes da mulher completar 18 anos.

    Além de dominarem diversos tipos de danças e origamis, as gueixas também sabiam tocar alguns instrumentos, como o  shamisen, que foi obrigatório para todas as gueixas durante um certo período. Junto com o treinamento, vinham normas de etiqueta, postura e conhecimentos sobre vestuário e maquiagens, que eram um grande diferencial das gueixas e se caracterizava por:

    • Pele branca – graças a grandes quantidades de maquiagem branca, as gueixas apresentavam o rosto em tons bem claros, o que reforçava o fato de serem consideradas símbolos de beleza; Este processo era extremamente cuidadoso, realizado pela onee-san  (irmã mais velha) ou pela  okaa-san (“mãe”) e durava cerca de 2 horas. Originalmente, esse tipo de cosmético era a base de chumbo, que é tóxico, prejudicando a saúde e podendo até causar manchas amareladas na pele;
    • Cabelo – outra característica marcante das gueixas era seu penteado, em alguns momentos da história era utilizado o cabelo longo, porém o tipo de penteado que mais está associado a elas é um tipo de coque chamado shimada e possui algumas variações, como o shimada taka (um coque mais alto)  e o shimada tsubushi, um coque mais achatado. Já as aprendizes maiko, usavam o uiwata, coque com um pedaço de algodão colorido no formato de uma metade de pêssego;
    • Vestimentas – o traje usado pelas gueixas era o quimono, que poderia ter diferentes cores dependendo da ocasião ou até mesmo da estação do ano, as maiko também usavam quimonos, porém as mesmas usavam vestimentas de cores vermelhas ou rosadas, e seus quimonos possuíam mangas mais longas, o que ajudava a diferenciar uma gueixa mais experiente de uma aprendiz.

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    Em geral a mulher que pretendia se tornar gueixa deveria dedicar sua vida toda a isso, abrindo mão por exemplo de ter um marido e filhos, o que tornava ainda mais difícil e valorizava ainda mais esse grande posto na sociedade. Tema muito utilizado em tatuagens asiáticas, as gueixas se tornaram símbolo de beleza e dedicação, tanto na Ásia como no ocidente, inspirando vários contos e livros, como o caso de “Memórias de uma gueixa” que acabou se tornando filme e sendo sucesso mundial.

    Texto por Rafael Lucente.

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    Imagem do filme “Memórias de uma gueixa”
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    DARUMA: O BONECO DA SORTE JAPONÊS MAIS POPULAR EM TATUAGENS

    “O Daruma: o boneco japonês que traz proteção, sorte e realiza desejos!”

    Você já ouviu falar do Daruma? Se não, prepare-se para conhecer um boneco incrível que é considerado um símbolo de proteção, sorte e realização de desejos no Japão. O Daruma, também conhecido como “だるま” em japonês, é um típico boneco japonês que é dado como presente com o objetivo de trazer bons presságios e ajudar a alcançar metas.

    Mas de onde vem o nome Daruma? A palavra “Daruma” tem sua origem na pronúncia japonesa da palavra “Dharma”. E aqui vem uma história fascinante que envolve um monge indiano chamado Bodhidharma, o fundador do budismo Zen. Conta-se que, para não dormir enquanto meditava, Bodhidharma arrancou suas próprias pálpebras e meditou por longos e exaustivos 9 anos. Essa atitude extrema e determinada inspirou a criação do boneco Daruma.

    O Daruma é um boneco redondo, sem braços nem pernas, com uma aparência cativante e expressiva. Ele é geralmente feito de papel machê e pintado à mão, com cores vivas e vibrantes. O mais interessante é que o Daruma é pintado com apenas um olho preto, enquanto o outro olho é deixado em branco. Isso simboliza a jornada de alcançar um objetivo ou realizar um desejo. Ao receber o Daruma, a pessoa faz um desejo e pinta o primeiro olho como um sinal de comprometimento. O olho em branco representa o objetivo ainda não alcançado.

    A tradição é a seguinte: quando você recebe um Daruma, você coloca o boneco em um local visível e se concentra em seu desejo ou meta. A cada vez que você faz progresso em direção à realização do seu desejo, você pinta o segundo olho do Daruma. É um lembrete constante de seu objetivo e um incentivo para continuar avançando. Quando o Daruma finalmente tem os dois olhos pintados, isso significa que seu desejo foi realizado ou sua meta foi alcançada!

    Além de ser um objeto de sorte e realização, o Daruma também é conhecido por sua resiliência. Devido à sua forma arredondada, ele sempre volta à posição vertical quando é derrubado. Isso é um símbolo de perseverança e otimismo diante dos obstáculos da vida. O Daruma nos lembra que, mesmo quando enfrentamos adversidades, devemos nos levantar e continuar lutando.

    Você pode encontrar o Daruma em lojas e templos por todo o Japão, especialmente durante o Ano Novo, quando é comum as pessoas adquirirem um novo Daruma para simbolizar um novo começo e estabelecer novos objetivos.

    Então, da próxima vez que você estiver pensando em realizar um desejo ou perseguir um objetivo, lembre-se do Daruma. Esse pequeno boneco japonês não só trará sorte e proteção, mas também será um companheiro resiliente em sua jornada. Pinte um olho, concentre-se em sua meta e não

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    Monge Bodhidharma

    Falando sobre a popularidade do Daruma entre os amantes de tatuagem, bem como a tendência dos estrangeiros e turistas em se tatuar com o Daruma no Japão:

    No mundo da tatuagem, o Daruma ganhou uma popularidade crescente entre os amantes dessa forma de arte corporal. Sua forma única e seu significado cativante tornam o Daruma uma escolha interessante para aqueles que desejam expressar sua determinação, perseverança e busca por objetivos em forma de tatuagem.

    No entanto, é importante ressaltar que a prática de tatuar o Daruma não é tão comum entre os japoneses nativos. O Daruma nao e uma imagem que atraia muito o japoneses, vale a pena lembrar que a cultura das tatuagens ainda carrega um estigma social, sendo muitas vezes associada a membros da máfia japonesa, conhecida como Yakuza. Por essa razão, os japoneses tendem a evitar tatuagens visíveis, especialmente em locais como o local de trabalho.

    Curiosamente, são os turistas e estrangeiros que frequentemente procuram se tatuar com o Daruma no Japão. Eles são atraídos pela forma única do boneco e pelo significado por trás dele, encontrando na tatuagem do Daruma uma forma de celebrar sua viagem ao Japão, bem como incorporar sua própria jornada de busca por objetivos e boa sorte.

    Os tatuadores especializados em tatuagens japonesas e tradicionais estão cada vez mais familiarizados com os pedidos de tatuagens do Daruma, adaptando sua arte para capturar a essência desse boneco tão simbólico. Eles criam belas e intricadas representações do Daruma em tatuagens, muitas vezes combinando-o com outros elementos da cultura japonesa, como flores de cerejeira, peônia, ondas e o fundo tradicional de tatuagens japonesa.

    Essas tatuagens do Daruma tornam-se uma forma pessoal e artística de expressar a coragem, a perseverança e a busca por objetivos na vida. Para os estrangeiros que se tatuam com o Daruma, essa tatuagem se torna um lembrete duradouro de sua conexão com a cultura japonesa e das lições que o Daruma ensina sobre a importância de nunca desistir.

    Então, se você está pensando em se tatuar com o Daruma, esteja ciente de que você estará incorporando um símbolo tradicionalmente apreciado por sua forma e significado cativante. Lembre-se de respeitar a cultura e as tradições japonesas ao se tatuar no Japão, e aproveite a oportunidade de celebrar sua própria jornada de conquistas e desejos realizados enquanto carrega um pedacinho da cultura japonesa consigo.

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    Além dessas características, o boneco possui uma sobrancelha relacionada as aves grou e uma barba relacionada a tartaruga, ambos possuem um significado muito forte com relação à longevidade.

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    Ilustração por Toshio Shimada

    Texto por Rafael Lucente

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    Tigre na cultura asiática (上山虎)

    A cultura asiática é mundialmente conhecida por sua riqueza de histórias, lendas e significados. Além de criaturas mágicas, demônios e divindades, destacam-se também os animais, como é o caso do tigre.

    O tigre (虎 – tora) é considerado um animal divino pelos povos asiáticos e o supremo animal terrestre, sendo um dos 4 animais sagrados ao lado da fênix, tartaruga negra e o dragão.

    O tigre é um animal extremamente feroz, imponente e belo, além de estar no topo da sua cadeia alimentar. Essas características fazem com que as tatuagens de tigres estejam associadas à força, coragem, beleza e poder.

    Na crença budista, o tigre representa a fé, a força espiritual e a disciplina. Já para povos chineses, está mais associado a realeza, especialmente se tratando do tigre siberiano (tigre branco)

    O tigre branco (Byakko) simboliza o outono e o elemento metal e na cultura chinesa, seria o guardião do ponto cardeal oeste.

    Além de todos os significados positivos, o tigre também pode representar a ira e a vingança, de modo que alguns demônios são retratados usando trajes feitos de pele de tigre.

    Na tatuagem em geral, o tigre costuma aparecer associado ao dragão, ou como peça principal da tatuagem, tendo flores como sakura ou rosas como fundo da composição.

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    Oni – “demônio” do folclore japonês

    Oni é uma criatura lendária do folclore japonês, muitas vezes descrita como um demônio ou ogro. São figuras icônicas e temidas na mitologia japonesa, conhecidas por sua aparência assustadora e força sobrenatural. Os Onis são sempre retratados com pele vermelha ou azul, chifres salientes, garras afiadas e uma expressão feroz. Acredita-se que eles habitem o submundo e sejam responsáveis por punir os malfeitores. Além disso, os Onis são associados a fenômenos naturais, como tempestades e terremotos. Na cultura popular japonesa, eles desempenham papéis tanto assustadores quanto cômicos, aparecendo em contos, festivais e representações artísticas.

    Um oni é uma criatura humanóide e pode variar em tamanho, desde pequeno até grande. Eles possuem rostos que podem lembrar muito a de um humano, macacos ou bestas, e frequentemente têm chifres que variam de pequenas protuberâncias a chifres longos, pontudos que lembram os arcos de um antílope, ou lisos como os de um dragão. Por serem criaturas selvagens, eles geralmente vestem apenas um fundoshi, uma espécie de tanga.

    A cultura oriental no geral é extremamente rica e nela destaca-se principalmente as lendas do folclore japonês, que por muitas vezes é usado como referências para tatuagens, como é o caso da lenda de  Kintarō – Oniwakamaru, da Hannya e do Oni, criatura muito presente em peças do teatro Nos japonês.

    O termo Oni () significa ogro ou troll, é muitas vezes descrito como demônio, porém o termo mais correto pra demônio em japonês seria yokai.

    Esta criatura possui corpo de  ser humano, cabeça de animal (que vai de macaco até pássaros) e 2 ou 1 chifres que podem ter formatos e tamanhos variados. Sua expressão sempre nervosa,  faz com que sejam considerados criaturas maléficas, que atormentam vilas inteiras e poderiam até se alimentar de seres humanos, tanto os pecadores do inferno, como de alguns seres na Terra.

    Uma das variações é descrita usando um  fundoshi  de tigre (um traje típico japonês que se assemelha a uma tanga) e pode representar Kimon, a porta do demônio, na qual os espíritos devem passar.

    Porém os Oni também podem ser considerados um símbolo de proteção, ao passo que sua aparência feroz ajudaria a afastar espíritos e energias negativas.

    No japão é comemorado o Setsubun, um feriado para celebrar a chegada da primavera e os Oni tem grande importância para a data, pois é tradição que nesta data pessoas usem máscaras de ogros com intuito de afastar as coisas ruins da estação que está chegando.

    Além do folclore tradicional, os Oni aparecem frequentemente na cultura Pop japonesa, servindo de inspirações para vários personagens de animes, mangás e jogos, como acontece em Dragon Ball Z, Naruto e Pokemon.

    As tatuagens de Oni normalmente são usadas como símbolo de proteção para a pessoa e podem compor um desenho com outras peças, ou então sendo a peça principal.

    Texto por Rafael Lucente

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    Hachikō – O cão fiel

    Hachikō ( ハチ公) é o nome de um cão muito famoso no Japão, que por sua história comovente se tornou mundialmente conhecido e lembrado até hoje.

    Pertencente à raça Akita, nasceu em 10 de novembro de 1923 e foi trazido para Tóquio 1 ano depois, por Hidesaburo Ueno, um professor da Universidade de Tóquio e grande amante de cães em geral.

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    Fotografia de Hachiko

    Hachi, como também  era chamado ,  acompanhava seu dono todos os dias até a estação de Shibuya – Tóquio, e retornava mais tarde quando o professor Ueno voltava da Universidade, fato que na época já chamava atenção de algumas pessoas da região.

    Após 1 ano e 4 meses na mesma rotina, no dia 21 de maio de 1925, professor Ueno teve um derrame na Universidade e nunca mais voltou. Pelas histórias contadas, na noite do velório, Hachi chegou a quebrar janelas para atravessar e ficar deitado próximo a seu falecido dono.

    Com a morte do professor Ueno, Hachi foi levado para Asasuka, porém diversas vezes fugia da casa em que estava e ia para sua casa em Shibuya esperar seu dono. Mesmo depois de 1 ano, ainda sem se adaptar, Hachi foi doado ao ex jardineiro do professor Ueno, mas continuava fugindo em direção a sua antiga casa. Quando percebeu que seu dono não morava mais naquela casa, passou a esperá-lo todos os dias na estação de Shibuya e assim foi por quase 10 anos. Obviamente, ao longo desse período comoveu as pessoas que passavam diariamente por lá, e estas por sua vez, passaram a deixar alimentos para ajudá-lo.

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    Cruzamento de  Shibuya (Foto por Rafael Lucente)

    Em  8 de março de 1935, aos 11 anos de idade,  Hachiko faleceu por complicações de uma doença que já possuía,  foi então declarado um dia de luto no Japão. Hachi foi enterrado na sepultura de seu dono, e os dois puderam finalmente descansar juntos.

    Hachiko recebeu diversas homenagens, uma delas foi a construção de uma estátua ao lado da estação de Shibuya, local que hoje é muito visitados por japoneses e turistas em geral. Além disso sua história foi inspiração para o filme japonês Hachiko Monogatarilançado em 1987 e para uma versão americana, lançada em 2009, chamada Hachiko:a Dog´s  story  (Sempre ao Seu Lado) com Richard Gere no papel principal.

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    Estátua de Hachiko (foto por Rafael Lucente)

    Até hoje, todo dia 8 de março, é realizada uma celebração em Shibuya em homenagem à toda lealdade e fidelidade de Hachi com seu dono.

    Texto por Rafael Lucente.

     

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    Horihide – um dos grandes mestres do Tebori

    Kazuo Oguri (conhecido também como Horihide) é um artista e tatuador extremamente conhecido e influente no meio da tatuagem.

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    Horihide em seu studio

    Horihide nasceu em 1937 no Japão, e é um dos grandes mestres do Tebori (técnica de tatuagem com bambus) ainda vivos. Parte de sua fama vem do fato de ter sido o responsável por trazer a cultura da tatuagem oriental para os americanos, influenciando assim outros grandes nomes como Sailor Jerry e Ed Hardy, o que se tornou um marco na tatuagem ocidental e dando origem posteriormente  a um novo estilo, o body suit (tatuagem de corpo inteiro).

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    Ilustrações de Horihide

    Sua vida de aprendiz na tatuagem não foi nada fácil, era comum que aprendizes ficassem anos apenas olhando seu mestre trabalhar. Em alguns momentos chegou a questionar a evolução de seu trabalho, o que fez com que começasse a usar seu próprio corpo como material de estudo, especialmente  depois de ter descoberto que seu mestre possuía partes do corpo totalmente pretas de tinta.

    Só depois de muitos anos de estudo e prática que realmente iniciou seus primeiros trabalhos. Hoje com 79 anos de idade afirma:  “Enquanto puder mover minhas mãos, vou continuar tatuando.”

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    Texto por Rafael Lucente

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    Máscara Hannya

    As máscaras de Hannya tiveram origem no teatro Nõ japonês, que é um tipo clássico de espetáculo de arte, combinando interpretação, canto e poesia.

    O teatro ou Noh existe desde o século XIV e normalmente a narrativa é composta por um protagonista (shite) que utiliza uma máscara, um coadjuvante (waki), um ator cômico (kyōgen), um coro e instrumentos musicais. É composto apenas por atores homens, que usam máscaras para representar figuras femininas, no total são mais de 200 máscaras diferentes, que originalmente eram feitas de madeira.

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    De todas as máscaras,  uma das que mais se popularizou  foi a da Hannya, que deriva da lenda de uma mulher que após ser enganada por seus entes queridos,  foi consumida por ódio e ciúmes e se transforma em uma espécie de “demônio” com chifres, dentes afiados e aparência assustadora.

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    Ilustração por Toshio Shimada

    Ainda de acordo com as lendas, existem diferentes representações, por isso é comum ver Hannyas com aspecto mais humano e outras já com aspecto mais demoníaco.

    No Japão, a máscara da Hannya simboliza sorte e proteção, como se a feição monstruosa espantasse energias ruins, porém foi  no Ocidente que ela se tornou um frequente tema de tatuagens, e é um dos desenhos mais procurados para composições de trabalhos com a temática oriental.

    Texto por Rafael Lucente

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    IREZUMI: Dragão em tatuagens japonesa

    O dragão, também muito conhecido como “Ryū” em japonês, é uma criatura lendária e uma das mais icônicas figuras mitológicas do folclore japonês. Ele desempenha um papel significativo na cultura e nas tradições do Japão, e sua imagem é amplamente utilizada em diversas formas de arte, desde pinturas e esculturas até mesmo em tatuagens.

    Na mitologia japonesa, o dragão é retratado como uma criatura divina e benevolente, associada a poderes e virtudes positivas. Diferente de outras culturas, onde o dragão é muitas vezes visto como uma criatura maligna, no Japão ele é considerado um símbolo de sabedoria, força e boa sorte. Ele é conhecido por controlar as águas, as chuvas e os rios, e é venerado como uma divindade que traz a fertilidade e protege todo o território japonês.

    A aparência do dragão em toda Asia é difere dos dragões ocidentais. Ele é geralmente retratado como uma criatura serpentina, com corpo alongado e escamoso, garras poderosas, olhos grandes e chifres curvos. Uma de suas características mais distintivas é a presença de três garras em cada pata, em contraste com os dragões chineses, que têm quatro ou cinco garras.

    Os dragões japoneses são frequentemente representados em forma de arte, como pinturas e esculturas, e são incorporados em festivais tradicionais, como o “Gion Matsuri” na cidade de Kyoto. Eles também são um elemento importante nas tatuagens japonesas, conhecidas como “irezumi”, onde simbolizam força, proteção e boa sorte.

    Além do seu significado simbólico, os dragões também aparecem em diversas histórias e lendas. Uma das lendas mais famosas é a história do “Dragão Yamata-no-Orochi”, uma serpente de oito cabeças que aterrorizava uma região do Japão. O lendário herói Susanoo conseguiu derrotar o dragão, resgatando uma princesa e trazendo paz para a terra.

    Em resumo, o dragão é uma figura lendária e poderosa que desempenha um papel central na mitologia e na cultura japonesa. Sua representação artística e simbólica é amplamente difundida, e sua presença é um lembrete constante do valor atribuído à sabedoria, força e fortuna no Japão

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    Escultura dragão japonês

    Na cultura japonesa, as lendas e histórias envolvendo dragões foram influenciadas pela mitologia chinesa, onde o dragão era um símbolo de poder e autoridade reservado exclusivamente ao imperador. Essas histórias foram adaptadas pelo povo japonês ao longo dos anos, incorporando elementos da cultura e crenças locais.

    Muitas das lendas japonesas sobre dragões se referem à capacidade dessas criaturas de controlar as águas e as chuvas. Os dragões são frequentemente associados a rios e mares, sendo considerados responsáveis por sua movimentação. Acredita-se que a agitação dos dragões possa ser a origem de fenômenos naturais como maremotos e terremotos.

    Os desenhos e ilustrações de dragões japoneses surgiram posteriormente, como expressões artísticas inspiradas nas histórias e lendas. É comum ver representações de dragões segurando uma esfera conhecida como “ryūju” ou “jade orb”. Essa esfera simboliza uma energia vital e está associada à criação. Acredita-se que apenas os dragões benevolentes e sábios possam absorver e aproveitar essa energia.

    Esses elementos simbólicos demonstram a importância do dragão como uma figura divina e poderosa, conectada à natureza e responsável por trazer equilíbrio e proteção. A representação visual dos dragões e sua associação com a esfera carregam significados profundos na cultura japonesa, transmitindo ideias de sabedoria, harmonia e poder criativo.

    Assim, o dragão desempenha um papel significativo na mitologia e nas tradições do Japão, simbolizando qualidades desejáveis como poder, sabedoria, força e proteção, ao mesmo tempo em que reflete a relação entre o homem e a natureza.

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    Ilustração feita por Toshio Shimada

    Certamente, o dragão possui uma rica história e um significado profundo na mitologia asiática, o que o torna uma escolha muito popular para tatuagens. Sua imagem impressionante e simbolismo único resultam em tatuagens incríveis e visualmente impactantes.

    As tatuagens de dragões japoneses costumam ser detalhadas e elaboradas, com foco nas características distintivas dessa criatura lendária, como escamas, garras, presas e olhos penetrantes. Os artistas habilidosos são capazes de capturar a majestade e a serenidade do dragão em seus desenhos, resultando em obras de arte impressionantes na pele dos clientes.

    As tatuagens de dragões podem ser realizadas em diferentes estilos, desde o tradicional estilo japonês (irezumi) com suas cores vibrantes e linhas fluidas, até o estilo realista, que retrata o dragão com detalhes e sombreamento precisos. Cada tatuagem é única, refletindo a visão e a personalidade do cliente, enquanto incorpora os elementos tradicionais e simbólicos associados ao dragão japonês.

    Além da sua estética visualmente deslumbrante, as tatuagens de dragões japoneses também carregam um significado profundo. Elas representam poder, força, sabedoria e proteção, servindo como um amuleto simbólico para o portador. O dragão é visto como um guardião espiritual, capaz de afastar o mal e trazer boa sorte.

    Portanto, é compreensível que as tatuagens de dragões japoneses sejam muito populares, pois elas combinam a estética impressionante com um significado cultural e espiritualmente rico. Cada tatuagem é uma expressão individual de apreciação pela mitologia asiática e pelo simbolismo do dragão japonês, resultando em tatuagens incríveis e memoráveis.

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    Tatuagem por Toshio Shimada

    Texto por Rafael Lucente

  • Sak Yant Tattoo,  Shimada Tattoo,  Tatuagem Asiática,  Tatuagem Japonesa,  Tatuagens Sagradas

    Sak Yant – tatuagem sagrada

    A Sak Yant é uma tatuagem sagrada feita por monges budistas há mais de 2.000 anos. Na Tailândia os antigos guerreiros recebiam tatuagens a fim de garantir força e proteção nas batalhas, esse tipo de ritual acabou se difundindo ao longo dos anos, e hoje em dia qualquer um pode fazer uma Sak Yant.

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    Sak Yant nas costas

    A tatuagem sagrada, como também é conhecida, normalmente é feita com bambu (técnica semelhante ao tebori japonês) e realizada por um monge, que recebe o nome de Ajarn. Chegando em algum templo a pessoa deverá escolher o “monge tatuador” que mais lhe transmitir energias boas.

    O desenho a ser feito é escolhido pelo próprio monge, que a partir de uma conversa com a pessoa a ser tatuada, define o símbolo que mais tem a ver com cada história de vida. Normalmente os símbolos representam sucesso, carisma, força física, sorte e proteção em geral e o pagamento é feito em doações e oferendas (flores, incensos) colocados em uma cestinha.

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    Sak Yant

    De acordo com a tradição, após ter uma Sak Yant, a pessoa deve seguir algumas “regras”, que basicamente seguem a doutrina budista: não matar, não mentir, não roubar e não cometer adultério. Caso alguma das regras seja quebrada, a tatuagem perde seus “poderes”.

    Aqui você pode conferir um vídeo e ver como é feito o ritual: Sak Yant

    Texto por Rafael Lucente