• Toshio Shimada

    IREZUMI: A ARTE DA TATUAGEM NO JAPÃO

    A arte da tatuagem no Japão, conhecida como Irezumi (入れ墨), é uma prática fascinante que atrai adeptos de todas as partes do mundo. Neste post, vamos explorar a evolução dessa expressão corporal, adentrando nos detalhes dessa famosa arte japonesa.

    O termo Irezumi, que literalmente significa “inserir sumi (入墨)”, refere-se não apenas às tatuagens de estilo japonês, mas abrange qualquer forma de tatuagem, seja ela de origem japonesa ou não. No Japão, destaca-se o uso de uma tinta única, feita à base de fuligem de carvão vegetal e misturas de óleo de canola e outros ingredientes naturais. Essa tinta, conhecida como Sumi (墨), de cor preta, é utilizada na caligrafia tradicional japonesa e também muito usada na tatuagem tradicional japonesa.

    Vamos desbravar um pouco mais sobre essa arte cativante que transcende fronteiras e mergulhar na rica tradição por trás do Irezumi, descobrindo os detalhes que tornam essa forma de expressão tão única e globalmente apreciada. Convido você a explorar conosco a jornada fascinante das tatuagens no Japão.

    As tatuagens em todo o mundo evoluíram bastante, seguindo diferentes estilos ao longo dos anos, com a forte influência da cultura japonesa. No Japão, elas são conhecidas como Irezumi, e a arte da tatuagem no arquipélago tem uma longa história. Desde o período Jomon (14.000 – 300 a.C.), com vestígios de que as tatuagens já faziam parte das ilhas japonesas, conforme registrado no gishi wajin den, um texto de história chinesa que relata os primeiros encontros com os habitantes das ilhas Nipônicas.

    A prática de tatuar criminosos durante o Período Edo (1603-1868) no Japão, isso não era uma prática exclusiva do povo japonês sendo encontradas também em outras culturas ao redor do mundo. No Japão Inicialmente, as tatuagens eram utilizadas para identificar criminosos condenados por seus delitos. Hoje, embora as tatuagens tenham se transformado em expressões artísticas, ainda quaisquer forma de tatuagem enfrentam certo preconceito na sociedade japonesa. Em muitos lugares, é proibido exibir publicamente tatuagens pequenas ou grandes de qualquer estilo, refletindo uma mentalidade conservadora que persiste ate os dias de hoje.

    Apesar do Japão ser admirado mundialmente por sua sofisticação e de tradições, a tatuagem continua sendo associada ao submundo em todo território japonês. No entanto, globalmente, Irezumi se tornou um termo genérico para tatuagens de estilo japonês, conquistando grande popularidade em diversas partes do mundo.

    OS PRIMÓRDIOS DA TATUAGEM NO JAPÃO

    Os primórdios da tatuagem no Japão remontam ao século XVII, quando a prática começou a ser utilizada para marcar criminosos como forma de punição. Naquela época, ideogramas e barras de cores escuras adornavam a pele daqueles que haviam infringido a lei. Contudo, ao longo dos anos, o conceito de Irezumi expandiu-se, abrangendo uma variedade de estilos de tatuagem e incorporando, por vezes, elementos tradicionais japoneses.

    Inicialmente associada à penalização de delitos, a tatuagem evoluiu para uma forma de expressão mais ampla. As marcas escuras nas peles dos infratores deram lugar a uma rica e variada formas de designs, muitas vezes incorporando elementos emblemáticos da cultura japonesa. Essa metamorfose transformou a tatuagem de uma prática restrita a criminosos em uma forma de arte que reflete a rica tradição e estética japonesas.

    Hoje, ao explorarmos a história da tatuagem no Japão, testemunhamos uma jornada fascinante que transcende a punição inicial para se tornar uma expressão de criatividade e identidade, conectando-se de uma maneira única e com a rica herança cultural do país.

    A técnica moderna de tatuagem, realizada com máquinas, reflete uma forte influência de palavras e designs ocidentais, particularmente da cultura norte americana, associada à palavra “TATTOO” (タトゥー) Ou YOBORI( 洋彫り). Já a abordagem tradicional japonesa, reconhecida pelos termos japoneses como WABORI(和彫り), destaca-se por um estilo genuinamente japonês. Ao longo do tempo, o estilo de tatuagem japonês conquistou reconhecimento global, cultivando uma base de admiradores apaixonados por essa forma de arte. A transformação da tatuagem no Japão remontam ao período Edo (1603 – 1867), marcando o início da utilização de cores e desenhos na decoração corporal japonesa.

    A iconografia do Irezumi, no período mencionado, foi profundamente influenciada pela rica cultura visual da época. Essa influência se manifestava em designs inspirados em quimonos, pinturas, objetos utilitários e nas xilogravuras ukiyo-e. Esses motivos decoravam a pele de diversos grupos sociais, desde jogadores de azar até bombeiros e trabalhadores da área portuária do Japão. Nesse contexto histórico, muitos elementos visuais e técnicos fundamentais foram desenvolvidos, incluindo o método de tatuar tebori (手彫り – “tatuagem à mão”), a introdução de cores e os formatos expansivos que cobriam grandes áreas do corpo. Essa evolução histórica contribuiu para a singularidade e diversidade da arte da tatuagem japonesa contemporânea.

    As temáticas do Irezumi variam amplamente, desde representações de animais, deuses, demônios e guerreiros até personagens da literatura, sobrepostos a fundos inspirados em elementos naturais, frequentemente adornados com flores ou folhas sazonais. Outro termo japonês para tatuagem é “shisei” (刺青), que incorpora os ideogramas toge (刺 – perfurar) e ao (青 – azul ou verde), refletindo uma das possíveis tonalidades da tinta sumi, dependendo da diluição ou desbotamento na pele.

    Em japonês existem duas formas de escrever Irezumi, Ambas as formas de escrita tem a mesma forma de ler, “入れ墨” (irezumi) e “刺青” (também lido como irezumi), são corretas e se referem à tatuagem em japonês. Ambas as combinações de caracteres têm o mesmo significado básico, mas utilizam caracteres diferentes para expressar a ideia de tatuagem.

    • “入れ墨” é composto pelos caracteres “入れ” (ire), que significa “inserção” ou “colocar”, e “墨” (zumi), que significa “tinta”. Juntos, eles formam a palavra “入れ墨” (irezumi), que também se refere à prática de tatuar.
    • “刺青” é composto pelos caracteres “刺” (shi/iri), que significa “picada” ou “perfurar”, e “青” (zumi), que significa “azul” ou “tinta”. Juntos, eles formam a palavra “刺青” (irezumi), que também significa tatuagem.

    Ambas as formas são usadas, e a escolha pode depender do contexto específico, da preferência pessoal ou regional. Em contextos mais tradicionais, você pode encontrar “刺青” (irezumi), enquanto “入れ墨” (irezumi) também é amplamente utilizado. Ambas as formas são compreendidas como referentes à arte da tatuagem no Japão.

    COMO A TATUAGEM SE TORNOU POPULAR NO JAPÃO MODERNO

    A publicação da novela “Shisei” (1910) de Jun’ichirō Tanizaki (1886-1965) contribuiu para popularizar o termo, mas tanto “shisei” quanto “irezumi” compartilham a mesma essência ao se referirem ao ato primordial da tatuagem, oferecendo assim um vislumbre enriquecedor de sua intrincada história.

    OS FILMES DE YAKUZA QUE INSPERAM A TATUAGEM NO JAPÃO

    Shôwa zankyô-den: Karajishi botan FILME DE 1966

    SEM DÚVIDA, OS FILMES DE YAKUZA COMO “UM YAKUZA TEM QUE MATAR” INFLUENCIARAM MUITO NA POPULARIZAÇÃO DA TATUAGEM

    Em um enredo impactante, um membro da yakuza enfrenta uma obrigação sombria: assassinar um homem. Após cumprir sua pena, o protagonista visita o túmulo da vítima, onde se depara com o filho e a esposa, alheios à sua verdadeira identidade. Movido por uma jornada de redenção, ele se empenha em reparar os danos causados, desencadeando uma trama intensa e repleta de reviravoltas.

    Cenas do filme em que o personagem exibe suas tatuagens de flores de peônia com o leão Foo Dog tornaram-se uma inspiração significativa para os entusiastas da tatuagem japonesa.

    A INFLUÊNCIA JAPONESA NA TATUAGEM OCIDENTAL

    O entusiasmo dos americanos pelas tatuagens tradicionais japonesas surgiu da interação comercial e cultural que floresceu entre o Japão e o Ocidente após o ano de 1853, quando o Japão encerrou dois séculos de política externa isolacionista no arquipélago.

    Nas décadas seguintes, marinheiros mercantes ocidentais e turistas abastados começaram a migrar para essa nação que anteriormente estava reclusa. As composições exuberantes, dinâmicas e de corpo inteiro das tatuagens tradicionais japonesas cativaram a imaginação dos viajantes ocidentais da época. Adquirir essa espetacular arte corporal – e passar pela longa e custosa provação de ser tatuado à mão (TEBORI) 手彫り por um mestre japonês – tornou-se uma conquista de status cobiçada pelos nobres ingleses e pelas socialites britânicas e americanas do final do século XIX. Os marinheiros também adquiriram tatuagens japonesas enquanto estavam nos portos e levaram consigo a nova estética para casa.

    Rapidamente, tatuadores japoneses e ocidentais adaptaram a forma de arte tradicional às demandas da cultura popular ocidental: tatuagens menores, de “lembrança”, tornaram-se uma maneira de ter uma marca como recordação de uma viagem ou marcar momentos. Em um repertório de design estático, como dragões, guerreiros, animais e flores, que podiam eternizar as viagens pelo arquipélago japonês – em grande parte desvinculado de seu simbolismo original, que antes eram marcas usadas apenas por criminosos japoneses. Logo, substituíram os guerreiros heróicos, figuras cômicas e deuses poderosos que tanto enriqueceram a tatuagem tradicional japonesa por figuras relacionadas aos temas de navegação e desenhos que se tornaram ícones de marinheiros britânicos e americanos. Na década de 1890, vários tatuadores japoneses abriram lojas na Europa, Grã-Bretanha, América e Austrália, enquanto os tatuadores americanos ofereciam o “mais recente em designs europeus e japoneses”.

    Os desenhos de tatuagens no estilo “japonês” continuam em alta demanda até os dias de hoje, à medida que as pessoas ocidentais continuam adeptas as místicas e duradoura arte da tatuagem japonesa. 

  • Toshio Shimada

    EXPLORANDO A ALMA JAPONESA: FURIN, SINOS DE VENTO, E SUA BELEZA COMO TATUAGEM DE RECORDAÇÃO

    Planejando sua tão esperada viagem ao Japão? Ao explorar as diversas opções de souvenirs japoneses para levar consigo, você encontrará uma riqueza de escolhas, desde o icônico gato da sorte (ManekiNeko) até o famoso Daruma. Contudo, se você busca algo que transcenda o comum e encarne a estética profunda e rara do Japão, convidamos você a mergulhar conosco na fascinante história e beleza do Furin.

    O nome “furin” é uma combinação poética de “fu” (vento) e “rin” (sino), traduzindo-se literalmente como “sino de vento”. Estes sinos, embora compartilhem semelhanças com os sinos de vento ocidentais, possuem uma singularidade que remonta ao período Edo, quando o Japão abria suas portas para o mundo. Milhares de designs lindos podem ser encontrados com os mais diversos estilos. Além disso, há uma rica história por trás deles. Ouvir o som que eles fazem traz a sensação do verão japonês que o fará sempre lembrar de sua inesquecível visita ao arquipélago japonês.

    Ao acompanharem-nos nesta jornada, vocês irão desvendar o encanto mágico e cativante dos Furin japoneses, uma lembrança que transcende o efêmero e deixa uma impressão eterna em sua alma e coleção de memórias. Bem-vindos a uma exploração da cultura japonesa através dos olhos e sons dos Furin.

    O QUE SÃO OS SINOS DE VENTO FURIN

    O Furin é um objeto tradicional japonês que produz sons suaves e agradáveis quando balançado pelo vento. Ele é conhecido por sua beleza estética e pela capacidade de adicionar um toque de serenidade aos ambientes em que é colocado. O nome “furin” pode ser traduzido como “sino de vento”, onde “fu” significa vento e “rin” significa sino.

    A origem do furin remonta ao período Edo no Japão, que abrangeu aproximadamente o início do século XVII até o final do século XIX. Durante esse período, os furins eram conhecidos por desempenhar várias funções, incluindo a capacidade de afastar maus espíritos, refrescar o ambiente e, é claro, proporcionar uma experiência auditiva agradável.

    Inicialmente, eram confeccionados com metais como bronze ou ferro e eram principalmente produzidos como objetos funcionais, utilizados para decorar templos, santuários, bem como residências e jardins. Com o passar do tempo, a estética e o design dos furins evoluíram, e eles passaram a ser confeccionados a partir de diversos materiais, como vidro, cerâmica e bambu.

    Eles são objetos compostos por várias partes delicadas. No centro, encontra-se o sino propriamente dito, suspenso graciosamente por um fio ou corrente. Justo abaixo do sino, repousa uma peça decorativa conhecida como “clapper” (ou badalo), que dança e toca o sino com a brisa suave. O som que emana desse encontro é suave e sereno, uma sinfonia que varia conforme o tamanho e o design específico do furin.

    A diversidade dos designs dessas peças decorativas é notável, abrangendo temas inspirados na natureza, símbolos tradicionais, animais e muito mais. Muitas vezes, esses designs são cuidadosamente escolhidos por suas conexões simbólicas, como as flores de cerejeira, que evocam a chegada da primavera, ou os peixes dourados, que são tidos como portadores de boa sorte.

    Hoje em dia, os furins continuam a ser apreciados não apenas no Japão, mas em todo o mundo, como elementos decorativos que também proporcionam uma harmonia sonora única. Eles adornam varandas, jardins, pátios e até mesmo espaços internos, onde o suave som do vento cria uma atmosfera de tranquilidade. Além disso, também se tornaram populares como lembranças turísticas e presentes.

    Em resumo, o furin é um objeto tradicional japonês que desempenha um papel fundamental na cultura estética e sensorial do Japão, conectando as pessoas à beleza da natureza e à serenidade sonora em meio ao caos do mundo moderno.

  • Toshio Shimada

    A ARTE MILENAR DO IREZUMI: A INTRIGANTE HISTÓRIA DAS TATUAGENS DOS YAKUZA NO JAPÃO

    A arte da tatuagens usada pelos yakuza no Japão é conhecida como irezumi. Essa forma de tatuagem tem uma longa história e uma forte ligação com a cultura das gangues que envolve membros de organizações criminosas japonesas.

    As tatuagens dos membros da yakuza são distintas e geralmente cobrem grandes áreas do corpo, como as costas, os braços e o peito. Elas são caracterizadas por desenhos elaborados e muito detalhista que retratam imagens relacionadas à mitologia e folclore japonês, desenhos como dragões, tigres, carpas, flores de cerejeira, deuses budistas alem de personagens folclóricos e do teatro kabuki e teatro noh. A cor preta é amplamente utilizada como base na tatuagem japonesa. Ela é obtida através do uso debaterias orgânicos, estas tintas eram feita de carvão vegetal ou cinzas de madeira misturadas com água e outros ingredientes naturais como óleo de canola e argila queimada. A tinta preta é aplicada para criar contornos nítidos e sombreamento detalhado, adicionando profundidade e dimensão às imagens. Além disso, o preto é associado à cor da tinta usada em tradicionais escritas e pinturas japonesas, como o Sumi-e, o que confere uma conexão cultural à prática da tatuagem.

    Tradicionalmente, as tatuagens dos yakuza eram feitas à mão em um método totalmente artesanal, usando agulhas presas a um pedaço de bambu, conhecido como tebori. Essa técnica de tatuagem à mão era extremamente difícil e exigia uma grande habilidade por parte do tatuador.

    Tatuador preparando as agulhas. Foto feita nos anos 70 pela fotografa americana Martha cooper. Tokyo Japão

    A prática das tatuagens dos yakuza remonta a séculos atrás e tinha múltiplas finalidades dentro do contexto das organizações criminosas. As tatuagens serviam como uma forma de identificação, permitindo que membros de diferentes gangues reconhecessem e respeitassem uns aos outros. Além disso, as tatuagens eram vistas como símbolos de coragem, lealdade e devoção aos ideais da yakuza.

    No entanto, é importante ressaltar que as tatuagens irezumi não estão exclusivamente associadas aos yakuza. Ao longo dos anos, a arte da tatuagem japonesa ganhou popularidade em outros círculos e entre pessoas comuns que buscam essa forma de expressão artística. Muitos tatuadores no Japão se especializaram em irezumi, oferecendo tatuagens inspiradas na tradição dos yakuza para clientes que desejam honrar a estética e os elementos culturais associados a essa arte.

    No entanto, vale destacar que o uso de tatuagens pelos yakuza tem sido cada vez mais estigmatizado na sociedade japonesa moderna. Devido à associação com atividades criminosas, muitas empresas, locais públicos e instalações esportivas no Japão proíbem a entrada de pessoas com tatuagens visíveis. Essa atitude reflete a mudança de percepção em relação aos yakuza e ao papel das tatuagens como símbolos dessa subcultura criminosa.

    A arte da tatuagem japonesa

    A arte da tatuagem japonesa começou a se tornar conhecida em todo o mundo a partir do final do século XIX e início do século XX, quando marinheiros e viajantes ocidentais visitaram o Japão e se depararam com rica arte e cultura japonesa. Muitos desses visitantes ficaram impressionados com as tatuagens que viram no Japão, pois elas eram diferentes das tatuagens ocidentais da época em termos de estilo, tamanho, riqueza em detalhes e simbolismo.

    A popularidade das tatuagens japonesas também foi influenciada pelo artista japonês Horiyoshi II, que começou se destacar muito na década de 1970 e se tornou conhecido internacionalmente como um mestre dessa forma de arte. Horiyoshi II e outros artistas japoneses também contribuíram para a disseminação da técnica a arte da tatuagem japonesa, estética e história alem do folclore que envolve os desenhos da tatuagem japonesa, ajudando a estabelecer uma base global para sua apreciação e prática por muitas partes do mundo.

    O renomado tatuador japonês Horiyoshi II foi um artista muito importante, cujo nome real é Kuronuma Tamotsu tambem filho de um tatuador, Horiyoshi l. Tamotsu ele desempenhou um papel importante na popularização da arte da tatuagem japonesa em todo o mundo. Horiyoshi II participou de eventos de tatuagem nos Estados Unidos, onde teve a oportunidade de exibir seu talento e compartilhar sua expertise com artistas e entusiastas ocidentais.

    Horiyoshi II (Kuronuma Tamotsu) trabalhando, Japão, 1946. Foto por Alfred Eisenstaedt.

    Além de sua notoriedade na tatuagem, Horiyoshi II também era conhecido por suas pinturas em personagens do teatro kabuki, KABUKI é uma forma tradicional de teatro japonês. Ele aplicava suas habilidades artísticas em retratar com precisão os personagens e cenas dessa forma teatral distinta. Sua experiência em pintura, combinada com sua maestria na tatuagem, contribuiu para sua reputação como um dos principais artistas do meio.

    Horiyoshi II também teve a oportunidade de aplicar suas artes em templos em Tóquio, Japão. Suas pinturas decorativas em templos adicionaram uma dimensão única à sua prática artística, permitindo que sua expressão criativa fosse apreciada não apenas pelos entusiastas de tatuagem, mas também por aqueles que visitavam os templos para fins religiosos e culturais.

    A combinação do talento de Horiyoshi II como tatuador e pintor, juntamente com sua participação em eventos internacionais e suas contribuições artísticas em templos, ajudou a solidificar sua reputação e a elevar a arte da tatuagem japonesa a um status reconhecido globalmente. Seu trabalho foi fundamental para aumentar a apreciação e a popularidade das tatuagens japonesas no mundo todo.

    Hoje em dia, a arte da tatuagem japonesa é admirada por sua beleza estética, detalhes meticulosos, narrativas complexas e rica herança cultural. as antigas tatuagens que levava a combinação única de cores preta e vermelha, juntamente com os temas e símbolos tradicionais japoneses, tornam as tatuagens japonesas facilmente reconhecíveis e apreciadas em todo o mundo.

  • Toshio Shimada

    HOJU: SAIBA TUDO SOBRE A LENDA DA JÓIA DOS DESEJOS

    A Nyoihoju, também conhecida como Nyoiju ou Hoju, é uma joia sagrada do budismo que é considerada capaz de conceder desejos àqueles que a possuem. Sua origem pode ser rastreada até a Índia antiga, onde era conhecida como Cintamani, uma palavra de origem vinda do sânscrito.

    A Nyoihoju é representada como uma joia esférica, decorada com ornamentos coloridos em relevo. Nas tradições budistas, ela é descrita como tendo a capacidade de atender a todos os desejos, também em outras tradições ela é vista como um objeto símbolo da iluminação espiritual celestial.

    No Japão, a Nyoihoju é referida com a palavra Hoju, e é considerada um objeto de grande valor espiritual. Pode se encontrar em muitas das artes budista em todo arquipélago japonês, representada como pinturas e esculturas ou ate mesmo na arte da tatuagem, é muito comum esta joia ser vista como um símbolo de prosperidade e bem-estar. A Hoju é associada à figura mítica de Nyoirin Kannon, a deusa da compaixão, que está sempre segurando a joia em sua mão.

    Outra joia semelhante à Nyoihoju é a Hougyoku, uma joia mística na cultura japonesa que é muito mencionada em lendas e contos populares. Embora a Hougyoku não seja diretamente relacionada ao budismo, ela é considerada uma joia poderosa que pode conceder desejos e realizar milagres. A Hougyoku é outra que é representada como uma esfera perfeita e brilhante, semelhante à Nyoihoju.

    Embora a Nyoihoju e a Hougyoku sejam joias sagradas de diferentes culturas, ambas são vistas como símbolos de poder e boa sorte. Sua beleza e mistério continuam a fascinar e inspirar pessoas em todo o mundo, e seu simbolismo espiritual continua a ser relevante até hoje.

    Uma estatua de Buda segurando a Joia dos desejos. templo Tōdai-ji em Nara Japão

    HOJU: A LENDA DA JÓIA DOS DESEJOS NO JAPÃO

    No Japão, esta joia lendária é mais conhecida como Hoju, credita que esse tesouro pode concede os desejos e vontades de quem a possui. Ela é um símbolo de Buda e de todos dos os ensinamentos de doutrina budista. O nome Hoju deriva de cinta, que significa “pensamentos” em sânscrito, e mani, que significa “conta”.

    A forma do Hoju é geralmente esférica na parte inferior e curva e pontiaguda na parte superior, o que a torna uma peça única e inconfundível. Em pinturas religiosas e edifícios do budismo tibetano, a parte inferior é alongada como uma coluna e a parte superior é curva e pontiaguda o que lembra a ponta de uma montanha.

    Existem diferentes tipos de Hoju, mas um dos mais famosos é o Sanbenhoju, que é uma pilha de três cintamani (principalmente dois cintamani são colocados lado a lado na parte inferior e um no topo) envoltos em uma única chama de fogo vermelho. O cintamani é um objeto sagrado no budismo, e é geralmente preso ao topo do anel do pagode ou colocado em cima de templos budistas.

    Acredita-se que o Hoju tem valor infinito e é objeto de oração de muitas culturas pela Asia.É adorado junto de outras divindades, como Jizo Bosatsu, Kokuzo Bosatsu e Nyoirin Kannon. Além disso, existe uma teoria de que gihoju (decoração de edifícios que não sejam templos, como grades de pontes) é modelado após o Hoju.

    O conceito de Nyoi Hoju foi introduzido no Japão junto com Makashikan de Tendai Chiki. No período Heian, também foi incorporado ao xintoísmo, e Ukanomitama, a deusa da fertilidade segurando o arroz, passou a ser representada segurando uma joia dos desejos como um deus da riqueza. O desenho do Nyoi Hoju, que foi adorado junto com Ukanomitama, continua a ser carimbado como o Ushigyokuhoin do Santuário Kumano Hongu Taisha e o selo vermelho do Santuário Fushimi Inari Taisha, e ainda é usado como um objeto de fé até hoje.

    A história do Hoju remonta ao século VI, antes mesmo da introdução do budismo no Japão. O padrão de uma gota emitindo chamas, que se acredita ser o protótipo do Hojuin, já foi desenhado no centro do mural Genbu na parede norte da Tumba nº 1 de Gosan-dong em Goguryeo. Desde então, a lenda da joia que realiza desejos se espalhou por todo o Japão e é um objeto de fascínio e adoração até hoje.

    HOJU: JÓIA DOS DESEJOS NA TATUAGEM

    O Hoju é um símbolo místico e poderoso, que representa a realização dos desejos e a conexão espiritual com os ensinamentos budistas. É um tesouro que transcende o tempo e a cultura, e continua a inspirar e fascinar pessoas

    Hoju, a lendária joia que realiza desejos, tem sido um ícone popularizado em tatuagens nos últimos anos. Com suas origens no budismo, a cintamani tem sido associada a Buda e seus ensinamentos. No entanto, a imagem da joia dos desejos evoluiu para algo além do mundo religioso e agora é vista como uma peça artística popular em todo o mundo.

    Os motivos pelos quais as pessoas escolhem tatuar Hoju em seus corpos podem variar. Algumas pessoas escolhem essa imagem porque acreditam em sua capacidade de conceder desejos, enquanto outras a veem como um símbolo de sabedoria e iluminação espiritual. Em outras culturas, a cintamani é vista como um talismã de boa sorte, trazendo prosperidade e abundância.

    A popularidade de Hoju em tatuagens pode ser atribuída ao seu design atraente e simbolismo profundo. As tatuagens de Hoju geralmente apresentam a imagem da joia em chamas, ou empilhadas em uma pilha de três esferas, representando a trindade budista. O design também é frequentemente acompanhado por outros elementos, como flores de lótus ou dragões, que adicionam mais profundidade à imagem.

    Embora a tatuagem de Hoju seja uma escolha popular entre muitas pessoas, é importante lembrar que o significado por trás dela é profundo e sagrado para algumas culturas. É sempre importante respeitar as tradições e crenças culturais ao escolher uma tatuagem. No entanto, a popularidade crescente da tatuagem de Hoju é um testemunho da beleza e significado desta joia lendária que realiza desejos.

    Quais são as cores do budismo?

    As cores são importantes em diversas culturas e religiões, assim com no budismo não seria diferente. O budismo é uma religião que valoriza muito a simbologia das cores, é uma das formas utilizadas para expressar ideias e conceitos.

    As cores são utilizadas para representar as quatro atividades das práticas tântricas interligadas à natureza dos Budas: pacífica, crescente, poderosa e irada. Essas atividades estão relacionadas ao trabalho dos Budas no mundo, que inclui proteger, curar, controlar e destruir.

    As cores mais comuns no budismo são o branco, tons amarelos (ou laranjas), tons vermelhos (ou rosas) e preto (ou tons azuis). O branco representa a atividade pacífica, que está relacionada à paz, à calma e à tranquilidade. O amarelo ou laranja representa a atividade crescente, que está relacionada ao crescimento, à expansão e à generosidade. O vermelho ou rosa representa a atividade poderosa, que está relacionada à força, à paixão e à energia. Já o preto ou tons azuis representam a atividade irada, que está relacionada à transformação, à destruição e à mudança.

    Além dessas cores, outras cores também podem ser utilizadas no budismo, como o verde, que está relacionado à atividade curativa, e o dourado, que está relacionado à atividade da iluminação.

    Nos últimos anos, as cores do budismo têm sido cada vez mais utilizadas em tatuagens. Muitas pessoas escolhem essas cores para expressar sua fé e sua espiritualidade, e as tatuagens com símbolos budistas em tons de branco, amarelo, vermelho e preto têm se tornado cada vez mais populares.

    A utilização dessas cores em tatuagens budistas é uma forma de demonstrar o respeito e a devoção pela religião, além de ser uma forma de se conectar com os ensinamentos do Buda. As tatuagens podem incluir símbolos como a roda da vida, a flor de lótus, Hoju e o mantra Om, entre outros, e as cores utilizadas são escolhidas de acordo com o significado de cada símbolo.

    Assim, as cores do budismo têm uma grande importância na religião e também têm se tornado cada vez mais populares em tatuagens, permitindo que as pessoas expressem sua espiritualidade de uma forma única e pessoal.

  • Toshio Shimada

    KITSUNE: A LENDA DA RAPOSA JAPONESA

    Ayakashi também é conhecido como Yokai são seres sobrenaturais de antigos contos folclóricos japoneses que são transmitidos de uma geração. Esses seres não são demônios, são espíritos que dizem ser a causa de muitas ocorrências sobrenaturais. Kitsune é um desses yokai do folclore japonês. Kitsune é uma palavra japonesa para “raposa”. Dizem que possuem grande inteligência e diferentes habilidades paranormais que aumentam com o passar do tempo. Raposas e humanos viviam juntos no Japão antigo e essa companhia deu origem a lendas sobre essas criaturas mitológicas.

    Há muito tempo, em uma pequena vila japonesa, próxima a um antigo templo xintoísta, vivia uma raposa kitsune conhecida por sua sabedoria e poderes mágicos. A criatura mitológica habitava um cemitério, onde encontrava refúgio e tranquilidade.

    A vila era muito conhecida por eventos estranhos e inexplicáveis, e muitas vezes os moradores atribuíam esses acontecimentos à presença da kitsune. Embora suas travessuras fossem inofensivas, deixavam os aldeões intrigados e maravilhados com a magia que permeava seu cotidiano.Certo dia, um jovem chamado Kotaro estava caminhando pelos arredores do vilarejo quando avistou uma mulher muito bonita à beira de um lago no jardim do templo. Ela tinha olhos amendoados e cabelos negros como a noite, o que hipnotizou o jovem Kotaro, fazendo-o sentir-se atraído por ela como uma mariposa para a chama de uma vela. No entanto, ele nem havia notado o reflexo dela na água do lago, que mostrava sua verdadeira aparência como uma raposa.Os encontros entre Kotaro e a misteriosa mulher tornaram-se mais frequentes, e, aos poucos, eles se apaixonaram perdidamente. A mulher era amável, sábia e sabia encantar o jovem camponês com histórias fascinantes sobre o mundo e suas maravilhas. Mas, à medida que o amor florescia, eventos estranhos começaram a assombrar a vida do jovem Kotaro. Coisas que não podiam ser explicadas pela lógica mundana aconteciam ao seu redor, e rumores sobre o envolvimento da kitsune nessas situações começaram a se espalhar.Curioso e preocupado, Kotaro decidiu seguir misteriosa mulher. Escondido entre as sombras, testemunhou a transformação surpreendente da mulher em uma enorme raposa de pelagem avermelhada. O jovem ficou hipnotizado diante da magia da criatura sobrenatural.Com o coração acelerado, o jovem camponês confrontou a raposa kitsune quando ela retornou à forma humana. A verdade foi revelada, e a kitsune explicou que ela, de fato, era uma criatura mística dotada de poderes extraordinários, neste momento ela fez varios truques de magia e isso impressionava cada vez mais o jovem camponês. em uma mistura de medo e paixao ambos se sentia atraidos pelo amor que surgia entre eles. Mas, apesar disso tudo, o amor que a raposa tinha por Kotaro era algo genuíno e verdadeiro. Ela contou a ele sobre seu desejo profundo de entender as emoções humanas e experimentar a vida entre eles. A kitsune sentia-se atraída pelo encanto e simplicidade da existência humana, mesmo que isso significasse enfrentar desafios e dilemas únicos. Kotaro, embora abalado pela revelação, percebeu a sinceridade nos olhos da raposa. Ele também notou que, apesar de suas peculiaridades sobrenaturais, ela ainda era a mesma pessoa que o encantou desde o início. Movido por um sentimento de compaixão e aceitação, ele decidiu ficar ao lado da kitsune, independentemente de sua natureza sobrenatural. Eles enfrentaram juntos as dificuldades e preconceitos que a relação entre um humano e uma criatura mágica trazia.Ao longo do tempo, a vila testemunhou uma harmonia incomum entre a kitsune e os humanos, e a criatura mágica aprendeu a equilibrar suas travessuras com um respeito mais profundo pelos sentimentos dos aldeões. Apesar das diferenças, eles decidiram se casar. A história da raposa kitsune que se casou com um homem tornou-se uma lenda na vila japonesa. Ela representava a união entre o mundo humano e o mundo sobrenatural, e como o amor verdadeiro poderia florescer mesmo nas circunstâncias mais inesperadas.E assim, a magia da kitsune e a coragem de Kotaro ecoaram através do tempo, inspirando gerações futuras a abraçar o desconhecido e acreditar que, no coração do extraordinário, a verdadeira essência do amor sempre prevaleceria.

  • Toshio Shimada

    BAKU: O DEVORADORDE SONHOS E PESADELOSDO JAPÃO

    Baku é um ser mitológico do folclore japonês conhecido como “o devorador de sonhos e pesadelos”. Acredita-se que Baku seja uma criatura mística capaz de consumir os sonhos e pesadelos das pessoas, deixando-as com a mente limpa e descansada.

    A aparência de Baku é descrita como uma mistura de várias partes de animais, incluindo a cabeça de um elefante, os olhos de um rinoceronte, as pernas de um tigre, o corpo de um urso e a cauda de um boi. Essa aparência única reflete a natureza mística e sobrenatural de Baku.

    No Japão, muitas pessoas acreditam que Baku pode ser convocado para ajudar a livrar alguém de pesadelos ou sonhos perturbadores. Para isso, é comum desenhar uma imagem de Baku em um pedaço de papel ou pano e colocá-lo debaixo do travesseiro antes de dormir.

    Em resumo, Baku é um fascinante ser mitológico da cultura japonesa conhecido como o devorador de sonhos e pesadelos, e que possui uma aparência única e mística.

    Fonte/Origem: Pinterest

    A origem de Baku remonta à mitologia chinesa, onde é conhecido como “Mo”. No Japão, Baku foi adotado e integrado à cultura japonesa como um ser mitológico próprio.

    Existem várias lendas associadas a Baku na cultura japonesa. Uma das lendas mais populares é a de que Baku é um ser benevolente que aparece para ajudar aqueles que têm pesadelos. Quando uma pessoa tem um pesadelo, ela pode chamar Baku, recitando uma oração especial para invocá-lo. Baku aparece e consome o pesadelo, deixando a pessoa com uma mente clara e tranquila.

    Outra lenda popular sobre Baku é que ele é um ser capaz de devorar todos os tipos de sonhos, bons ou maus. Por causa disso, as pessoas às vezes têm medo de chamar Baku para devorar seus sonhos bons, mas a crença predominante é que Baku só consome sonhos ruins e pesadelos.

    Há também uma lenda que diz que Baku é um ser solitário e tímido que evita o contato humano, mas que pode ser invocado com a oferta de feijões azuki (um tipo de feijão vermelho doce) em um altar especial dedicado a ele.

    Fonte/Origem: Pinterest

    Em resumo, as lendas sobre Baku são diversas, mas todas retratam esse ser mitológico como um guardião benevolente que ajuda a proteger as pessoas dos pesadelos e sonhos ruins.

    Muitas pessoas usam essa imagem como inspiração para tatuagens. A figura de Baku tem sido uma fonte popular de inspiração para tatuagens em todo o mundo. Sua aparência única e sobrenatural, combinada com sua conexão com o mundo dos sonhos, torna-a um tema atraente para tatuagens no estilo japonês.

    Algumas pessoas optam por uma representação mais tradicional de Baku, enquanto outras preferem uma interpretação mais moderna. A imagem de Baku também é frequentemente combinada com outros elementos, como flores de peônia ou outros animais místicos, para criar uma tatuagem única e personalizada.

    Fonte/Origem: Google

    No Japão, a imagem de Baku é muito usada em tatuagens como proteção contra os pesadelos e sonhos ruins, isso é devido à sua associação com a remoção desses maus sonhos. As pessoas acreditam que ter uma tatuagem de Baku pode trazer proteção e tranquilidade durante o sono.

    Em resumo, Baku é uma figura mitológica fascinante que tem sido uma fonte popular de inspiração para tatuagens devido à sua aparência única e sua conexão com o mundo dos sonhos e a proteção contra pesadelos.

  • Toshio Shimada

    MANEKI NEKO: O GATO DA SORTE JAPONÊS TATUAGENS JAPONESA

    O Maneki Neko, também conhecido como gato da sorte, é um amuleto tradicional que se tornou um símbolo popular no Japão e em várias partes do mundo. Com sua pata levantada em um gesto convidativo, esse amuleto é considerado um chamado para a boa sorte, prosperidade e fortuna. Embora haja várias versões e histórias sobre sua origem, a mais relevante e amplamente aceita remonta ao período Edo (1603-1868).

    Origem e Significado

    A história mais conhecida do Maneki Neko tem início no século XVII, no bairro de Setagaya, em Tóquio. Diz-se que havia um pequeno templo modesto chamado Gotoku-ji, onde vivia um sacerdote. O sacerdote tinha um gato de estimação chamado Tama.

    Em um dia chuvoso, durante o período do xogunato Tokugawa, Keitai estava sentado em seu templo quando avistou uma pessoa se abrigando debaixo de uma árvore, era um bem sucedido comerciante do bairro. Dentro do templo estava um gato acenando para ele, o gato com a pata levantada parecia acenar para chamando ele para dentro do templo. Intrigado pela cena incomum, ele se aproximou e, no mesmo instante, um raio caiu no lugar onde ele estiva sentado antes destruindo a arvore.

    Grato por esse gato ter salvo sua vida, o senhor decidiu retribuir a generosidade do gato e do templo. Ele pediu para contruir uma estatua do gato feita de ouro e acabou se tornando um patrocinador do templo de Gotoku-ji e ajudou a melhorar suas condições financeiras. Após a morte do gato Tama, o templo construiu um santuário em sua homenagem, onde foi enterrado. Assim, o Maneki Neko passou a ser venerado como um símbolo de boa sorte e proteção.

    Templo Gotokuji Tokyo Japão: Local de nascimento do gato Maneki-neko

    Simbolismo e Variações

    O Maneki Neko é um gato de cerâmica ou porcelana com uma pata levantada para cima, acenando para chamar a atenção. A cor tradicionalmente dele é o branco, mas hoje em dia é comum encontrar amuletos em diversas cores e estilos desse felino. Cada variação carrega um significado único:

    1. Branco: representa a pureza e a positividade geral;
    2. Preto: afasta os maus espíritos e proporciona proteção;
    3. Dourado: simboliza riqueza e prosperidade;
    4. Tricolor: uma combinação de cores (branco, preto e laranja) que representa sorte geral, segurança e prosperidade nos negócios.

    Além disso, o Maneki Neko suas características, cada um com seu próprio simbolismo:

    1. Coleira vermelha: oferece proteção contra o mal;
    2. Moeda: atrai riqueza e fortuna;
    3. Sininho: que traz a felicidade e boa sorte;
    4. Peixe: simboliza abundância e prosperidade;
    5. A pata para cima : representa sucesso e realização de desejos.

    Popularidade e Uso Atual

    O Maneki Neko ganhou grande popularidade no Japão e se espalhou para outras partes do mundo ao longo dos anos. Em todo o Japão é comum encontrar esses amuletos em lojas, restaurantes, casas e até mesmo em escritórios como um símbolo de sorte e prosperidade.

    No Japão, o Maneki Neko é sempre colocado na entrada dos estabelecimentos comerciais, como lojas e restaurantes, como um convite para os clientes entrarem e gastarem dinheiro. Muitas pessoas também mantêm um Maneki Neko em casa como um talismã de boa sorte.

    O Maneki Neko continua sendo um símbolo icônico e querido, representando os desejos de sorte, fortuna e prosperidade. Seja como um adorno decorativo ou como um amuleto pessoal, o gato da sorte japonês continua a encantar e atrair pessoas em todo o mundo.

    Tatuagem: popularidade como um amuleto da sorte

    Além de sua popularidade como um amuleto da sorte, o Maneki Neko também se tornou uma fonte de inspiração para tatuagens em todo o mundo. Amantes dessa figura encantadora muitas vezes optam por tatuar a imagem do Maneki Neko em seus corpos como uma forma de expressar sua afinidade com a cultura japonesa e sua crença na boa sorte.

    No entanto, é interessante observar que, no Japão, não é tão comum os japoneses tatuarem a imagem do Maneki Neko em seus próprio corpos. Tradicionalmente, o Maneki Neko é visto como um objeto de decoração e sorte, mas não é necessariamente associado à prática de tatuagem na cultura japonesa.

    A cultura da tatuagem no Japão tem suas próprias raízes e tradições, como a arte do irezumi (tatuagem), que remonta a séculos atrás. Geralmente, os japoneses que optam por tatuagens se inspiram em temas como dragões, flores de cerejeira, koi fish (peixes coloridos) e outros personagens e elementos do folclore e da arte japonesa.

    No entanto, com a disseminação global da cultura japonesa e o interesse crescente no Maneki Neko, é compreensível que pessoas de outras partes do mundo, especialmente os amantes da cultura japonesa, escolham tatuar a imagem do Maneki Neko como uma forma de expressão pessoal.

    Essas tatuagens muitas vezes capturam a essência do Maneki Neko, incorporando detalhes como a pata levantada, expressões faciais adoráveis e cores vibrantes. As tatuagens do Maneki Neko podem variar em tamanho e estilo, desde designs pequenos e discretos até tatuagens mais elaboradas que cobrem uma área maior do corpo.

    Para os entusiastas do Maneki Neko que decidem fazer uma tatuagem, essa escolha representa uma conexão pessoal com a sorte, fortuna e proteção que o amuleto tradicionalmente simboliza. É uma forma de levar consigo esses desejos positivos em todos os momentos.

    Portanto, enquanto no Japão as tatuagens do Maneki Neko podem não ser tão comuns entre os japoneses locais, a figura do gato da sorte tem inspirado pessoas ao redor do mundo a incorporá-la em sua arte corporal como uma expressão de admiração pela cultura japonesa e como um lembrete constante de boa sorte e fortuna.


  • Toshio Shimada

    YOKAI: CRIATURAS DO FOLCLORE JAPONES USADAS NA TATUAGEM JAPONESA

    No folclore japonês, yokai é um termo amplo que engloba uma variedade de criaturas sobrenaturais, que vão desde espíritos bondosos até monstros malvados. Essas criaturas são sempre retratadas com características fantásticas e muito estranhas por sinal, criaturas como rostos distorcidos, membros alongados e uma ampla variedade de habilidades e poderes sobrenaturais. Os yokai são tradicionalmente associados a muitas travessuras e uma enorme criatividade em suas historias, geralmente os fenômenos são inexplicáveis e eles habitam lugares inesperados na imaginação das pessoas.

    Um boneco do Yokai Kappa dando boas vindas na estação da cidade de Fukusaki Japão.

    A relação do povo japonês com os Yokai:

    No Japão, o folclore e a crença em yokai desempenham um papel muito importante na cultura popular. Embora os japoneses modernos não acreditem literalmente na existência dessas criaturas, a influência do folclore yokai pode ser vista em diversos aspectos da sociedade japonesa. Os yokai são frequentemente retratados em literatura, arte, teatro, anime e jogos, desempenhando papéis variados, desde vilões a personagens cômicos ou até heróis.

    A lenda dos yokai e sua popularidade nas tatuagens:

    Nos últimos anos, os yokai se tornaram especialmente populares entre os estrangeiros que buscam tatuagens com temática japonesa. Essas criaturas lendárias são escolhas populares para tatuagens devido à sua estética única e à rica história cultural que as envolve. As tatuagens de yokai podem variar desde os yokais mais populares ou até interpretações dessas criaturas não muito conhecidas, as variações artísticas e estilizadas dessas criaturas são muito criativas . Além disso, cada yokai possui seu próprio simbolismo e significado, permitindo que as pessoas escolham o que melhor representa sua personalidade e interesses.

    Fukusaki, um lugar onde monstros yokai japoneses vagam pelas ruas da cidade.

    A influência dos yokai na arte e cultura japonesa:

    A presença dos yokai na arte e cultura japonesa é inegável. Essas criaturas podem ser encontradas em antigas pinturas e gravuras japonesas, como os famosos rolos ilustrados conhecidos como “emakimono”. Eles também são muito representados em festivais tradicionais em todo o Japão, como o Setsubun e o Obon, onde as pessoas se vestem como yokai e participam de danças e performances relacionadas a essas criaturas. Além disso, muitos museus no Japão dedicam exposições inteiras ao estudo e à apreciação dos yokai.

    Os yokai são figuras fascinantes do folclore japonês, com uma rica história e presença cultural.

    A cidade de Fukusaki, localizada na província de Hyogo, no Japão, decidiu adotar uma abordagem única e incomum quando se trata de arte pública. Com um investimento de cerca de 3 milhões de ienes (US$ 25.000), a cidade instalou um kappa mecânico vermelho no pequeno lago do Parque Tsujikawayama, tornando-se uma atração local. No entanto, esse peculiar acessório tem uma aparência assustadora o suficiente para fazer as crianças chorarem!

    O kappa é uma criatura lendária do folclore japonês, muito retratada como um monstro aquático que tem uma aparência bastante peculiar. Ele possui uma cabeça que lembra muito um sapo, olhos amarelos e um buraco em cima da cabeça onde ele sempre carrega a agua quando sai de dentro do rio ou dos lagos. Suas mãos e pés são palmados, e ele tem uma carapaça de tartaruga nas costas. Diz a lenda que o kappa vive em rios, lagos e pântanos, onde pode capturar suas presas e até mesmo puxar pessoas para a água.

    A iniciativa de instalar um kappa mecânico em Fukusaki teve como objetivo atrair turistas e aumentar o interesse pela cidade. A ideia era criar uma atração visualmente marcante e única, que se destacasse e gerasse curiosidade. No entanto, a aparência assustadora do kappa mecânico acabou surtindo um efeito inesperado: fazer as crianças até mesmo chorarem!

    Embora a intenção não fosse assustar as crianças, o kappa mecânico vermelho se tornou uma sensação na cidade. Sua aparência estranha e movimentos mecânicos dão a ele uma aura misteriosa e assustadora. As crianças podem ficar um pouco apreensivas ao se deparar com essa criatura estranha, mas muitas vezes, após superar o susto inicial, acabam ficando fascinadas por sua presença.

    Essa instalação peculiar se tornou um ponto de referência em Fukusaki e atrai visitantes de diferentes partes do Japão e ate mesmo turista de fora do pais. Turistas curiosos chegam ao Parque Tsujikawayama para ver o kappa mecânico em ação e tirar fotos. A cidade abraçou essa novidade e começou a promovê-la como uma atração turística única, combinando a tradição do folclore japonês com uma pitada de excitação e surpresa.

    A abordagem ousada de Fukusaki destaca o amor do povo japonês por seu folclore e tradições. Os yokai, como o kappa, fazem parte da rica cultura japonesa e desempenham um papel importante na preservação das lendas e histórias transmitidas ao longo dos séculos. Embora alguns yokai possam ser assustadores, eles também despertam um senso de curiosidade e admiração.

    A cidade de Fukusaki, com sua escolha inusitada de instalar um kappa mecânico vermelho assustador, conseguiu criar uma atração turística memorável e única. Essa iniciativa destaca a criatividade e o desejo de preservar e compartilhar o folclore japonês com o mundo.

  • Toshio Shimada

    IREZUMI: A ARTE DAS TATUAGENS YAKUZA

    Neste post, vamos falar um pouco mais sobre a história da Yakuza e como as tatuagens se tornaram um símbolo tão importante dessa organização criminosa. Além disso, vamos explorar alguns dos temas e inspirações mais comuns encontrados nas tatuagens Yakuza, bem como as técnicas tradicionais usadas para criar essas obras de arte incríveis.

    Então, prepare-se para entrar no mundo das tatuagens Yakuza e descobrir mais sobre essa fascinante cultura japonesa!

    A Yakuza é uma organização criminosa que surgiu no Japão durante o período Edo, que se estendeu de 1603 a 1868. Embora não haja registros precisos sobre a data de origem da organização, sabe-se que sua formação ocorreu nessa época, quando o Japão ainda estava se estabilizando após séculos de guerra civil.

    Os Yakuza começaram como grupos de trabalhadores que se juntavam para se protegerem nas ruas, mas logo se tornaram uma organização criminosa bem estabelecida, com uma hierarquia e código de conduta próprios. Os membros da Yakuza são conhecidos por suas tatuagens elaboradas, que muitas vezes cobrem todo o corpo, incluindo as mãos e os pés.

    Os Yakuza também são conhecidos por suas atividades ilegais, que incluem extorsão, jogo de azar, prostituição, tráfico de drogas e armas, além de outras atividades criminosas. Eles têm uma presença significativa na economia japonesa, com muitas empresas sendo controladas ou extorquidas pelos Yakuza.

    No entanto, a Yakuza também é conhecida por sua cultura única e distintiva, que inclui um forte senso de lealdade e hierarquia, bem como um código de conduta conhecido como yakuza-dan. A organização é composta por vários clãs, cada um com sua própria estrutura hierárquica e símbolos distintos.

    Embora a Yakuza seja uma organização criminosa, muitos japoneses ainda acreditam que eles desempenham um papel importante na sociedade, fornecendo proteção para as pessoas comuns e mantendo a ordem nas ruas. No entanto, o governo japonês tem feito esforços para combater a Yakuza e reduzir sua influência na sociedade japonesa.

    Em resumo, os Yakuza são uma organização criminosa japonesa que surgiu durante o período Edo, quando muitos samurais ficaram sem trabalho. Embora eles sejam conhecidos por suas atividades ilegais, eles também têm uma cultura única e distintiva, com uma forte hierarquia e código de conduta próprios. Embora muitos japoneses ainda os vejam como um mal necessário, o governo japonês tem feito esforços para combater a Yakuza e reduzir sua influência na sociedade.

    Influencias da tatuagens

    De fato, as tatuagens são uma marca distintiva da Yakuza. Os membros da organização costumam ter tatuagens que cobre quase todo corpo. estas tatuagens são chamadas de irezumi ou horimono. essas tatuagens levar meses ou até mesmo anos para serem concluídas. Essas tatuagens são feitas por artistas especializados chamados horishi, que usam técnicas de agulhas manuais ou de máquinas.

    Algumas das inspirações para as tatuagens Yakuza incluem personagens do teatro Kabuki, como Ruy-Taro e Benkei Kozo. Esses personagens são considerados heróis pela Yakuza no Japão e têm uma grande importância cultural. As tatuagens também podem incluir personagens do conto chinês Suikoden, que apresenta os 108 heróis da margem do rio amarelo. Esses personagens são conhecidos por suas proezas de combate e lealdade, uma especie de Robin Hood que roubava dos ricos para ajudar os pobres, o que os torna símbolos ideais para a cultura da Yakuza.

    Além disso, outros temas comuns encontrados nas tatuagens Yakuza incluem dragões, tigres, flores de cerejeira (sakura), carpas (koi), serpentes, fênix e imagens mitológicas do budismo ou xintoísmo. Cada símbolo tem seu próprio significado específico e é escolhido com base na personalidade do membro e em sua posição na organização. Por exemplo, um dragão pode simbolizar poder e autoridade, enquanto as sakuras podem ser vistas como um símbolo de lealdade e devoção, além de representarem valores na passagem da vida, acreditando que a vida sempre pode se renovar a cada estação do ano.

    Personagens do teatro kabuki que inspiram as tatuagens da yakuza

    Os membros da Yakuza se inspiram em várias histórias e lendas para escolher seus temas de tatuagem. Duas dessas histórias incluem Ryu Taro e Benten Kozo.

    Ryu Taro é uma história folclórica japonesa que envolve a busca de vingança de um filho contra um líder malvado que matou seu pai. A história é cheia de simbolismo, como dragões e carpas, e representa a luta contra a injustiça e a busca pela justiça. Os membros da Yakuza se identificam com a história de Ryu Taro, pois muitos deles também vêm de origens humildes e lutam contra a adversidade para subir na hierarquia da organização.

    Benten Kozo é outra história popular que muitos membros da Yakuza se inspiram. A história é sobre um jovem ladrão que se torna um herói para o povo e é perseguido pelo governo. Os membros da Yakuza se identificam com a história de Benten Kozo, pois muitos deles vêm de origens criminosas e lutam contra o sistema para sobreviver. A história também é cheia de símbolos, como a flor de cerejeira e o gato, que representam a vida curta e a coragem em face da adversidade.

    No entanto, é importante notar que, embora as tatuagens sejam um símbolo de status e respeito dentro da organização Yakuza, elas ainda são altamente estigmatizadas na sociedade japonesa em geral. Muitas empresas e instituições têm políticas estritas contra tatuagens visíveis, o que pode limitar as oportunidades de emprego e a aceitação social dos membros da Yakuza.

    Benten Kozo tatuagem feita por Kuronuma Tamotsu (Horiyoshi II) Tokyo
    Ryuo Taro tatuagem feita por Kuronuma Tamotsu (Horiyoshi II) Tokyo
    Suikoden tatuagem feita por Kuronuma Tamotsu (Horiyoshi II) Tokyo
  • Toshio Shimada

    KOMAINU ( 狛犬 ) A tatuagem dos cães leão guardiões

    Komainu é uma criatura da mitologia que se assemelha a um leão. Em inglês eles são chamados de FooDog. Geralmente são estátuas colocadas em pares, posicionadas na entrada de santuários e templos, sempre uma no lados esquerdo e outra no lado direito. Elas também podem ser encontradas dentro do santuário protegendo o Honden (santuários xintoístas), ou até mesmo em ruas de grande comércio e também em jardins públicos.

    Os Komainu foram trazidos ao Japão durante o período Asuka, originalmente como um leão, sem diferença entre as figuras da esquerda e da direita. No entanto, no período Heian, começaram a aparecer pares de estátuas de leão e komainu com aparências distintas. Desde então, apenas o cão é estritamente chamado de ‘komainu’, embora hoje em dia seja comum se referir aos dois juntos. Essas estátuas são consideradas protetoras e desempenham um papel importante na defesa dos santuários e templos contra o mal e a energia negativa.

    Características:

    A origem das estátuas de Komainu é um leão estilizado que se originou na Pérsia e na Índia. Essa figura também é vista nas estátuas de leões que protegem áreas sagradas no antigo Egito e na Mesopotâmia. No Meiji Jingu, o Komainu é uma estátua de um leão cuja origem remonta ao antigo Oriente da Índia. Nos países do antigo Oriente, havia uma tendência de usar leões como objetos sagrados, divindades e guardiões do trono, e a esfinge é um bom exemplo disso.

    Durante a dinastia Tang, acredita-se que os leões da China tenham sido trazidos para o Japão juntamente com o budismo. Embora não esteja claro quando o Komainu foi introduzido, uma teoria sugere que os japoneses mal interpretaram uma criatura de forma estranha como um cachorro e a introduziram no Japão, razão pela qual ela passou a ser chamada de Komainu. Existem várias teorias sobre a origem da palavra “komainu”, incluindo uma que sugere que ela passou a ser chamada de “koma-inu” porque era usada para afastar os maus espíritos.

    As estátuas de Komainu eram originalmente colocadas em ambos os lados da entrada de templos e pagodes, tendo a forma de um leão ou cachorro grande, como visto nas esculturas nas paredes do pagode de cinco andares do Templo Horyuji na província de Nara.

    Alguns Komainu são representados com chifres, o que gerou várias teorias sobre sua origem. De acordo com Takuzo Yoshimura, um veterinário, o caractere “兕” na palavra “komainu” se refere a um unicórnio que se assemelha a um búfalo d’água, cuja verdadeira identidade é desconhecida. Este animal tem pele dura o suficiente para ser usada como uma armadura, e seus chifres são supostamente já foram usados para fazer copos de beber saquê. Outra teoria é que o “兕” na palavra “komainu” se refere a um cão de guarda.

    Leão Agata no Templo Ninnaji e Komainu sem forma no Templo Ninna-ji são exemplos da presença de leões e komainu em templos e santuários no Japão. De acordo com o “Utsuho Monogatari”, queimadores de incenso foram anexados aos “quatro grandes Shirogane Komainu” e colocados nos quatro cantos da corte imperial no período Heian. Além disso, uma combinação de leões e komainu aparece como mobília em obras literárias como “Makura no Soshi” e “Eiga Monogatari”.

    Tanto o “Kinhisho” quanto o “Ruijuzayosho” afirmam que o leão é colocado à esquerda e o komainu à direita. Embora existam leões semelhantes ou komainu na China e na Coreia, a forma de A e Un é uma característica frequentemente vista no Japão, refletindo a visão do budismo. Em geral, a estátua do leão do lado direito é chamada de “Agyo” com a boca aberta, e a estátua do komainu do lado esquerdo é chamada de “Ungyo” com a boca fechada.

    Desde a segunda metade do período Kamakura, estilos simplificados começaram a aparecer, e a maioria das estátuas feitas após o período Showa não tem chifres nos lados esquerdo e direito e não há diferença na aparência, exceto pela forma como a boca se abre. Essas estátuas deveriam originalmente ser chamadas de ‘Shishi’, mas hoje, ambas as estátuas são frequentemente chamadas coletivamente de ‘Komainu’.

    Atualmente, a presença ou ausência de leões e komainu varia de santuário para santuário. Cerca de metade dos santuários na cidade de Kyoto e em toda província têm komainu. A maioria dos komainu que podem ser vistos nos arredores de templos e santuários em vários lugares é feita de pedra, mas também existem estátuas de metal e cerâmica. Exemplos de leões de madeira e komainu incluem o Templo Yakushi-ji na Prefeitura de Nara, Santuário Yasuigaoka Hachimangu, Santuário Taiho-jinja na Prefeitura de Shiga, Templo Kozan-ji na Prefeitura de Kyoto e Santuário Itsukushima-jinja na Prefeitura de Hiroshima, todos bens culturais importantes.

    Um exemplo antigo feito de pedra é um par de estátuas colocadas no portão Nandaimon do Templo Todaiji na Província de Nara, chamado de ‘Karajishi’, cujo estilo foi recentemente introduzido no Japão na Dinastia Song. Embora objetos usados como móveis, como o Michōdai na Corte Imperial, fossem feitos de metal, as estátuas de leões e Komainu foram colocadas dentro de casa, desempenhando um papel na proteção dos deuses e Buda.

    Cães leão guardiões em templo de Hsipaw, Myanmar